Congresso de saúde mental abre espaço para discussão de desastres naturais e conseqüências para a qualidade de vida
Saúde mental e trabalho; políticas da saúde; desinstitucionalização da saúde mental; desafios e propostas das organizações dos usuários e familiares no Brasil; crianças e adolescentes em situação de rua; financiamento da reforma psiquiátrica e serviços substitutos de saúde mental estão entre os temas que serão abordados no I Congresso de Saúde Mental, que inicia nesta terça-feira na UFSC. Os organizadores chegaram a avaliar a possibilidade de transferência do evento, mas mantiveram sua realização levando em conta que o encontro é fruto de um desdobramento histórico dos movimentos em defesa da reforma psiquiátrica e dos movimentos de luta antimanicomial.
“Há cerca de três décadas estes setores vêm denunciando a violência institucional na assistência psiquiátrica e ajudando a construir um novo cenário social e assistencial em saúde mental”, considera o presidente da comissão organizadora do congresso e professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC, Walter Ferreira.
Mas, levando em conta a situação dramática de Santa Catarina, a comissão organizadora abriu espaço para o tema. Na quarta-feira, a partir de 12h30min, na Sala Petúnia, Centro de Cultura e Eventos, será realizada palestra com a professora Maria Lúcia Herrmann, do Grupo de Estudos de Desastres Naturais da UFSC, abordando o tema ´Desastres ambientais: reflexões sobre seu desencadeamento e conseqüências para a qualidade de vida`.
Na sexta-feira, o professor Lino Peres, representante da UFSC no Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo de Florianópolis, coordenará um debate sobre `O planejamento da vida nas cidades através dos planos diretores: para onde estamos indo e que qualidade de vida nos espera?`. O debate será realizado a partir de 15h30min, na Sala Girassol do Centro de Cultura e Eventos. A atividade será aberta a interessados na situação atual de desastres ambientais e no Plano Diretor Participativo.
o presidente da comissão organizadora do congresso alerta que o evento foge do entendimento tradicional da loucura. “O encontro traz a visão da saúde mental como de todos nós. A grande mensagem é que saúde mental não é coisa de louco, extravasa para várias situações de nossas famílias”, informa o professor.
Ele também contextualiza a importância do encontro lembrando que o Brasil passa por momentos de transição nesse campo, com necessidade de definição, integração e operacionalização de novos serviços para substituição do modelo assistencial de tratamento da saúde mental, hoje centrado nos hospitais e institutos psiquiátricos. Segundo ele, a expectativa atual é de que redes de atenção se formem e que pacientes e famílias recebam apoio mais integral.
“Precisamos mudar a lógica de atenção”, defende o professor, lembrando que o congresso será também uma oportunidade de aproximação entre profissionais e ex-usuários do sistema de saúde. Exemplos são as apresentações do grupo de Hip Hop Black Confusion, formado por usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), de Porto Alegre, e da banda Harmonia Enlouquece, criada no Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro.
Mais informações:
Site do evento: www.congressodesaudemental.ufsc.br/ /
Presidente da comissão organizadora: professor Walter Ferreira, fone (48) 9608 5271 / (48) 3721 9388 / e-mail: walter@ccs.ufsc.br