Especial Pesquisa: pós-doutorando da UFSC ganha primeiro lugar no Prêmio José Pedro de Araújo

26/11/2008 15:21

Filipi: desvendando potencial para produção de fitoterápicos

Filipi: desvendando potencial para produção de fitoterápicos

Filipe Silveira Duarte, Pós-Doutorando do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ganhou o primeiro lugar do Prêmio José Pedro de Araújo deste ano.

O trabalho premiado tem o título ´Estudo pré-clínico das ações centrais da planta Polygala sabulosa A. W. Bennett (Polygalaceae) em roedores`, e foi desenvolvido no Laboratório de Neurofarmacologia (UFSC), sob orientação da professora Thereza C. M. de Lima.

Através de testes em camundongos e ratos, Filipe provou que a planta Polygala sabulosa, conhecida como timuto-pinheirinho, tem propriedades que diminuem a ansiedade e convulsões nos animais.

Filipe Duarte receberá o prêmio no dia 6 de dezembro, no II Congresso de Fitoterápicos do Mercosul e VI Reunião da Sociedade Latino-Americana de Fitoquímica, na Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte (MG).

A Fundação José Pedro de Araújo é uma instituição privada que premia anualmente o melhor trabalho científico do Brasil na área de plantas medicinais. Este ano, o prêmio foi de R$ 20 mil. A fundação incentiva, através das premiações, a pesquisa das propriedades medicinais da flora brasileira, a produção nacional de conhecimento e o desenvolvimento dessa área.

Saiba mais:

O estudo premiado trata das propriedades medicinais da planta Polygala sabulosa, conhecida popularmente como timuto-pinheirinho, que se desenvolve no Planalto Meridional Sul.

A pesquisa começou em 2000, durante o mestrado de Filipe Silveira Duarte, e teve continuidade no doutorado. Em 2006, Filipe também ganhou o primeiro lugar no Prêmio Juarez Aranha Ricardo pela pesquisa que já havia desenvolvido com a mesma planta.

Filipe testou em camundongos um extrato feito da planta com solventes orgânicos. Ele dava uma dose oral aos animais e depois de uma hora avaliava suas reações. Os camundongos eram observados em um labirinto: antes da dose eles andavam próximos às paredes, porque se sentiam desprotegidos. Depois de receber o extrato eles passaram a andar em espaços mais vazios e abertos, mostrando um comportamento menos ansioso e menos amedrontado.

Depois disso, foi necessário isolar as substâncias da ‘sopa’ e testar uma a uma para ver qual era a responsável pelo efeito. Filipe descobriu que quatro das sete substâncias isoladas da planta têm a capacidade de diminuir a ansiedade dos ratos.

Após uma temporada de estudos em Buenos Aires, o pesquisador concluiu que estes efeitos centrais da planta podem ser atribuídos a uma ação de suas substâncias em proteínas específicas (receptores) do cérebro que modulam o comportamento de camundongos. Com esse experimento uma das utilidades da planta foi descoberta: ela tem a capacidade de agir como um controlador de ansiedade e depressão.

Filipe descobriu também uma outra característica da espécie. Aplicando doses do extrato da planta por via oral em ratos, e depois injetando substâncis que provocam convulsões, constatou que os animais não apresentaram crises convulsivas. Com esse resultado, a planta também poderia ser utilizada nos tratamentos de pessoas que têm crises epilépticas.

O próximo passo foi investigar os efeitos colaterais. O pesquisador fez estudos toxicológicos, como exames bioquímicos, hematológicos e histopatológicos, e não observou alterações tóxicas relevantes. Até chegar a ser um medicamento comercial para humanos, os efeitos da planta precisam ser testados em outros animais, e mais estudos precisam ser realizados. Filipe diz que esse processo é demorado.

O pesquisador pretende continuar o estudo paralelamente a outros projetos. “Meu trabalho é um retorno à sociedade, uma contribuição, já que futuramente pode ser desenvolvido um medicamento fitoterápico, com menos efeitos colaterais.”, diz Filipe Duarte.

O Laboratório de Neurofarmacologia da UFSC ficou também com o terceiro lugar na premiação, com o trabalho ´Atividade neurofarmacológica da casca dos frutos da espécie Passiflora edulis variedade flavicarpa (maracujá): uso potencial como ansiolítico e antidepressivo`.

Por Tifany Rodio / Bolsista de Jornalismo na Agecom

Mais informações: 48 3721 9491 / duartefilipe@hotmail.com