Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão: UFSC mostra trabalho com crianças e jovens deficientes

“Na água, ninguém parece deficiente"
Duas vezes por semana, o AMA oferece aulas de dança, de esportes como a capoeira e recreação na piscina, divididas nos chamados módulos “Água” e “Solo”. O trabalho foi pensado para crianças a partir de um ano, mas hoje conta com jovens de até 24. O ´Ama baby` é que é para crianças a partir de um ano. As demais turmas são a partir de 6 anos. “Temos pessoas conosco há mais de dez anos”, explica Ângela: “Alguns nunca faltaram uma aula.” No estande deste ano da Sepex, além de trabalhos em banners, serão apresentadas fotos das quatro turmas do AMA, cada uma com cerca de 20 alunos da Grande Florianópolis – alguns se deslocam até 50km para chegar até a UFSC.
Integração e possibilidades
A água, de acordo com Ângela, é um ambiente que explora profundamente as possibilidades do ser humano. “Na água, ninguém parece deficiente. Ela possibilita à criança executar atividades que jamais faria no solo”. “As crianças obtêm êxito e ficam muito felizes.”, descreve com orgulho a professora, lembrando que ajudar a mostrar as possibilidades de cada participante é a meta fundamental do AMA.

Fotos: Projeto AMA
Isso é possível graças à participação dos alunos de três disciplinas da graduação de Educação Física, que atuam como monitores individuais – um por criança durante as aulas. Ângela conta que isso acaba sendo uma experiência importante tanto para as crianças quanto para os estudantes. “A idéia é fazer com que os acadêmicos reconheçam a pessoa e não o deficiente, e com isso se apaixonem pela criança que precisa de uma oportunidade de brincar”, explica.
Os graduandos devem monitorar uma criança diferente a cada aula, e ao final do semestre escolher uma para acompanhar mais de perto. Ângela conta que já presenciou discussões entre os acadêmicos para decidir quem ficaria com qual criança, mas diz que, no fundo, a briga não leva a nada: “É a criança que escolhe o acadêmico, por se identificar com ele.”, complementa.
Tudo isso forma um ambiente descrito pela professora Ângela como “ultra-inclusivo”. Formadas através da disponibilidade dos pais – e não por causa do tipo de deficiência de cada criança –, as turmas agrupam alunos com diferentes graus de comprometimento. “As crianças têm a possibilidade de colaborar, ajudar, prestar a atenção no colega”, explica a professora. “É um lugar onde eles são iguais, têm amigos, podem ir e ser aceitos.” A boa aceitação é comprovada nas fotos, em que os alunos estão sempre sorrindo.
Os pais também participam, em datas especiais como o dia das crianças ou aniversários, além de aulas no início dos semestres, período em que os acadêmicos ainda estão em aulas teóricas nas disciplinas. “Além do seu filho, os pais vêem os filhos dos outros”, conta Ângela. E nestes momentos trocam informações sobre os direitos das crianças e jovens com deficiência.
O AMA tem capacidade para quatro turmas, em um total de 80 alunos. Não há período máximo de tempo para os alunos permanecerem no programa (alguns estão desde que ele foi criado), mas podem perder a vaga se faltar mais de três vezes sem justificativa. Nesse caso, uma criança de uma lista de espera ocupa a vaga, ou ela fica livre até o mês de março, quando o AMA abre inscrições. Os pais interessados devem entrar em contato com o programa e passar por uma entrevista.
Mais informações: 48 3721-8558 e zuchetto@cds.ufsc.br
Por Letícia Arcoverde / Bolsista de Jornalismo na Agecom