Livro “Universidade: a democracia ameaçada” terá nova edição

06/10/2008 13:04

Está caminhando para a terceira edição o livro “Universidade: a democracia ameaçada”, lançado pela editora Xamã em 2005 e reeditado dois anos depois. Organizado pelos professores Waldir José Rampinelli, Valdir Alvim e Gilmar Rodrigues, o volume se propõe a “analisar, avaliar, criticar e apontar novos rumos para o avanço de um processo democrático na universidade brasileira”. São 14 artigos que tratam de temas como a relação entre o público e o privado no meio universitário, a crise da universidade e a democratização do ensino, políticas de comunicação nas instituições de ensino superior e a problemática dos cursos de pós-graduação lato sensu e as fundações de apoio. A distribuição está a cargo da Livros & Livros.

O capítulo que abre o livro é “O papel dos intelectuais na transformação social”, de James Petras, renomado cientista político americano que, nos anos 80, foi membro do Tribunal Russel contra a repressão na América Latina. Nele, sobressai a análise do papel dos intelectuais da esquerda revolucionária e da centro-esquerda em suas relações com o poder no continente sul-americano. O autor do ensaio afirma que os primeiros fizeram um diagnóstico correto quando previram o fracasso da política eleitoral como instrumento de transformação preconizado pelos social-democratas. Fiel à linha de pensamento que sempre defendeu, ele sustenta que “somente um regime revolucionário pode garantir que as mudanças estruturais nas relações de propriedade e na estrutura de classes e do Estado sejam irreversíveis e sustentadas”.

Ao fazer uma análise da situação atual das universidades, o professor Sérgio Luiz Bellei diz que “a multiversidade para o mercado que promete democratizar o saber no final das contas pode ser simplesmente uma indústria de diplomas, a menos que a comunidade acadêmica esteja disposta a tomar consciência da crise institucional do presente e das soluções tecnológicas que a acompanham, e se exercite em intervenções veementes”. O professor Nildo Ouriques, do Departamento de Economia da UFSC, traça um histórico da luta pela reforma universitária na América Latina e diz acreditar que o protesto estudantil – a exemplo do que fizeram os estudantes de Córdoba, na Argentina, em 1918, se rebelando contra o caráter colonial e autoritário da universidade local – possa ressurgir e reforçar “a necessidade de uma formação cultural sólida”, mantendo “exigências científicas à altura de nosso tempo”.

Professora de história contemporânea na Universidade de São Paulo (USP), Zilda Márcia Grícoli Iokoi diz no prefácio do livro que a universidade “vive o enorme dilema de conciliar hierarquias de mando e de poder com meritocracias auferidas pelo desenvolvimento de pesquisas, cujas láureas permitem a constituição da relação entre o mestre e o aprendiz, procedimento criado num tempo em que o primeiro deveria conduzir o segundo a trilhar um caminho seguro e sem desvios, repetindo os passos anteriores sem nenhuma pretensão a um novo experimentar”. A professora paulista reforça o que escrevem Paulo Fernando Liedtke e Moacir Loth, da Agecom, sobre a importância da política de comunicação na democratização da universidade, porque os veículos “prestam um relevante serviço de mediação e propagação dos assuntos de interesse público”.

Mais informações com o professor Waldir Rampinelli pelo telefone (48) 8823-1373.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom