Jovens pesquisadores: estudante de psicologia investiga perfil de vítimas de assédio moral no trabalho
Identificar e analisar as principais características de trabalhadores que registram queixa contra os patrões. Esse foi o principal objetivo de uma pesquisa realizada por Cinara Invitti, estudante do Curso de Psicologia da UFSC. Durante um ano, a aluna, sob orientação da professora Suzana da Rosa Tolfo, avaliou 14 casos de denúncia documentados na Delegacia Regional do Trabalho de Santa Catarina. A partir do contato com os registros, Cinara traçou um perfil das vítimas que denunciam. O trabalho ´Assédio Moral no trabalho por chefias` será apresentado durante o 18º Seminário de Iniciação Científica, nos dias 23 e 24 de outubro.
Diferente do assédio sexual, que está relacionado à agressão física, o moral diz respeito à violência psicológica. É caracterizado por condutas abusivas que ocorrem repetidamente no ambiente de trabalho, como discriminação e humilhação pública. Esse tipo de violência é até mais comum e menos denunciada que a primeira. Uma pesquisa neste campo realizada pela PUC-SP aponta que no Brasil 42% dos trabalhadores apresentam histórias de humilhação e constrangimento.
Esses dados são baseados apenas no número de casos registrados. Estima-se que o número real de trabalhadores que sofrem assédio moral ultrapasse 65%. Na maior parte dos casos que não são denunciados, a vítima não tem conhecimento de que se trata de agressão. “O principal instrumento de combate ao assédio moral é a informação”, alerta Cinara.
Entre os registros analisados pela graduanda em psisologia da UFSC, 90% eram de pessoas entre 21 e 39 anos, sendo sete homens e cinco mulheres – e 70% possuem pelo menos o ensino médio completo. Atividades simples e físicas, como empacotador e auxiliar de manutenção, configuram as principais ocupações dos assediados. As queixas são de ofensas verbais, humilhações e advertências públicas, ameaça constante de demissão, perseguição, isolamento, boatos, excesso de trabalho e revista de pertences.
“Os dados do estudo não indicam um novo perfil de vítimas. Eles mostram que as pessoas com baixa escolaridade, idade muito avançada ou sem experiência profissional têm medo de denunciar ou simplesmente desconhecem seus direitos”, explica Cinara.
Segundo ela, as vítimas alegam que os chefes praticam tais atos por preconceito ou abuso de autoridade. Segundo a análise, as situações que levam as chefias ao assédio moral são envolvimentos dos trabalhadores com atividade sindical, licença médica e deficiência física. Há também registros de agressões contra portadores de HIV, pessoas que pertencem a outra classe racial ou se negam a assinar documentos que não são de sua responsabilidade, entre outras ocorrências.
O trabalho iniciado em agosto do ano passado abriu a possibilidade para novas pesquisas. Cinara iniciou um projeto chamado ´Violência Psicológica no Trabalho: caracterização de ocorrência de assédio moral por chefias`, que identificará a freqüência da violência no ambiente de trabalho e as estratégias que caracterizam o assédio moral e que são mais empregadas pelos superiores. Desta vez, além do contato com o registro, a aluna coletará informações com as vítimas e trabalhadores em geral por meio da aplicação de um questionário, para detectar as características do relacionamento entre patrão e empregado.
Para os interessados em contribuir com a pesquisa, respondendo ao questionário, basta entrar em contato com Cinara por meio do e-mail: cinara_invitti@yahoo.com.br / Fone: (49) 9964-2803
Contato com a orientadora do trabalho, professora Suzana da Rosa Tolfo: 3721-8575
Por Cecilia Cussioli / Estudante do Curso de Jornalismo da UFSC
Saiba Mais:
Entrando no mundo da pesquisa
A UFSC conta atualmente com 480 bolsas de iniciação científica. No total, há um investimento anual de mais de 14 milhões – recursos do CNPq e da própria universidade. As bolsas com valores entre R$ 300,00 e R$ 380,00 permitem a participação dos acadêmicos em grandes projetos e deflagram, em muitos casos, a carreira de pesquisador – para diversos estudantes é uma preparação para que ao concluir a graduação já ingressem no mestrado.
Na próxima semana, de 22 e 23 de outubro, os bolsistas do período agosto/2007 a julho/2008 apresentam seus trabalhos no 18º Seminário de Iniciação Científica (SIC) da UFSC. Integrado à sétima edição da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC, o encontro é direcionado à divulgação e avaliação dos estudantes. Este é mais um evento da UFSC na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Mais informações sobre a iniciação científica na UFSC pelo fone (48) 3721-9332.
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