Congresso sobre língua de sinais lota auditórios na UFSC
Mais de 430 pessoas participaram, na manhã desta quinta-feira (09.10), da abertura do I Congresso Nacional de Pesquisa em Interpretação e Tradução de Língua de Sinais, no auditório da Reitoria da UFSC. Elas vieram de vários estados brasileiros para conhecer os avanços e tendências no campo da interpretação e tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras), participar de oficinas e assistir a palestras sobre temas como as necessidades formativas dos profissionais da área, fronteiras literárias da tradução e interpretação, o papel do intérprete para os povos surdos e políticas públicas na formação de intérpretes de língua de sinais.
A abertura do encontro teve a presença, entre outros especialistas e profissionais, do presidente da Federação de Intérpretes de Língua de Sinais, Ricardo Sander, e da presidente da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, Karin Lílian Strobel. Os organizadores ressaltaram a importância do encontro, que é pioneiro e ajudará a estabelecer prioridades para quem trabalha nesta área. “Há muito para ser feito no Brasil”, admitiu a coordenadora do curso de Letras-Libras da UFSC, professora Ronice Muller de Quadros.
Uma parte dos participantes do congresso assistiu a solenidade e as primeiras palestras no auditório do CCE, pela impossibilidade de abrigar todos os inscritos na Reitoria. Um momento marcante foi a interpretação do Hino Nacional pelo estudante Rimar Ramalho Segala, que faz mestrado na UFSC na área de Estudos da Tradução. Em sua fala, Karin Strobel enfatizou a relevância histórica do encontro, por permitir, num evento sem precedentes no Brasil, uma ampla troca de experiências não apenas entre professores, mas também com alunos e intérpretes, “para todos caminharmos juntos”.
O presidente da Federação de Intérpretes de Língua de Sinais, Ricardo Sander, afirmou que as conquistas dos sujeitos surdos são “uma caminhada em construção”. Em outros tempos, afirmou ele, os intérpretes “estavam escondidos, envergonhados, anônimos”, mas hoje são identificados pelos estudantes como seus amigos, porque têm o diferencial de conhecer a língua de sinais. Em vista do encontro em Florianópolis, ele disse estar convencido de que “nosso trabalho será muito melhor a partir da semana que vem”.
Na primeira palestra do evento, a professora Cristina Lacerda, da Universidade Metodista de Piracicaba (SP), abordou a atuação do intérprete de Libras nos espaços educacionais. Ela disse que a discussão das necessidades formativas é importante para os profissionais e que “nem todos os estados e municípios têm dado o devido valor ao intérprete na língua de sinais”. Para ela, a legislação avançou muito nos últimos anos neste campo, mas está longe o tempo em que todos os intérpretes terão formação superior, como preconiza a lei. “Estas e outras questões operacionais estão a descoberto, e temos que nos importar com elas”, alertou.
A programação desta sexta-feira no I Congresso Nacional de Pesquisa em Interpretação e Tradução de Língua de Sinais prevê quatro palestras, abordando aspectos como a tradução da língua portuguesa para a língua de sinais e o papel do intérprete surdo para os povos surdos. Também haverá oficinas com os professores e técnicos Aaron Rudner, Ana Regina de Souza, Rimar Segala e Maria Cristina Pires Pereira.
Livros em exposição – Aproveitando a realização do evento, a Editora da UFSC está oferecendo suas publicações aos participantes. Entre os livros estão três títulos voltados para o público-alvo do congresso: “As imagens do outro sobre a cultura surda”, de Karin Strobel, “A política educacional de integração/inclusão – Um olhar do egresso surdo”, de Paulo César Machado, e “Teorias de aquisição da linguagem”, de Ingrid Finger e Romnice Muller de Quadros.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (48) 3721-6586.
Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom
Fotos: Jones João Bastos