Congresso reforça liderança da UFSC na área de Língua de Sinais

15/10/2008 10:48

O I Congresso Nacional de Pesquisa em Interpretação e Tradução de Língua de Sinais, realizado nos dias 9 e 10 em Florianópolis, ajudou a consolidar a liderança da Universidade Federal de Santa Catarina no processo de difusão e aplicação da Língua de Sinais no Brasil. O congresso, que atraiu mais de 400 pessoas e teve palestras, oficinas e debates com pesquisadores nacionais e estrangeiros, serviu para trocar informações e mostrar os resultados das pesquisas realizadas no Programa de Pós-graduação em Tradução UFSC, divulgando as investigações que vêm aprimorando o trabalho de interpretação/tradução de Língua de Sinais.

De acordo com a coordenadora do curso de Letras-Libras da UFSC, Ronice Muller de Quadros, o congresso tinha as metas de socializar a produção de conhecimento na área e qualificar a formação de professores e pesquisadores nos cursos de Letras-Libras no país. Seu foco foram os intérpretes e tradutores de Língua de Sinais, profissionais que “vêm se destacando em decorrência do alto índice de pesquisadores e acadêmicos surdos no espaço universitário”. Porém, apesar da visibilidade lingüística presente na atuação do intérprete e do tradutor, a atenção dispensada a esses profissionais ainda é reduzida, fruto de muitos esforços realizados no meio acadêmico.

A professora considerou “excelente” o nível das palestras, incluindo a realizada pela professora Trudy Schafer, da Northeast University, de Massachusetts, EUA, que falou sobre o modelo Cokely do processo de interpretação. O presidente da World Association of Sign Language Interpreters (Wasli), Juan Carlos Druetta, também participou, abordando o papel do intérprete surdo para os povos surdos.

Voltado para intérpretes e tradutores de Língua de Sinais, surdos e outros interessados no tema, o congresso procurou estimular mais profissionais de interpretação e tradução a apresentarem suas pesquisas e os resultados obtidos nas áreas da educação, tradução e lingüística e, também, traçar metas e objetivos de organização e formação para profissionais neste campo.

Reconhecimento – A UFSC é referência em Língua de Sinais, em lingüística voltada para este segmento e, agora, também em estudos de tradução e interpretação em Libras. Por isso, existe a intenção de realizar o congresso sempre em Florianópolis, assegurando a sua periodicidade.

Além dos cursos presenciais, a Universidade coordena cursos a distância em 17 instituições de ensino do país, incluindo a Universidade de São Paulo (USP), a Unicamp e a Universidade de Brasília (UnB). As universidades federais de Goiás e Mato Grosso já buscam subsídios para implantar cursos próprios, mas enfrentam a falta de pessoal especializado – lacuna que a UFSC está tentado suprir, por meio de sua pós-graduação em Tradução. “Aqui também precisamos de concurso para os cursos presenciais em 2009”, alerta a professora Ronice.

Além do da licenciatura e do bacharelado, a UFSC oferece o primeiro programa em nível de pós-graduação em Tradução em Língua de Sinais (PGET) do país, o Programa de Pós-graduação em Lingüística (PPGL) e o Grupo de Estudos Lingüísticos Surdos, todos vinculados ao Centro de Comunicação e Expressão, onde funciona também o Grupo de Estudos Surdos (GES).

“Desde o início, trabalhamos harmonicamente com o ensino, a pesquisa e a extensão, de forma estruturada, o que talvez explique o fato de estarmos na dianteira”, diz Ronice. A Lei de Libras (nº 10.436) é de 2002, regulamentada pelo decreto 5.626, de 2005, ano em que a UFSC implantou o seu curso. “Nossas ações são desdobramentos do decreto”, afirma a professora.

O próximo congresso, marcado para 2011, também será realizado na UFSC, mas Ronice de Quadros acredita que ele terá amplitude maior, atraindo participantes de toda a América Latina e exigindo espaços mais amplos do que os utilizados agora para comportar todos os interessados. “Queremos manter o caráter tri-anual do evento, para que as pesquisas realizadas na área possam ser apresentadas”, afirma.

Uma das metas da professora Ronice é garantir que a Universidade realize concurso para a contratação de professores para as aulas presenciais, que hoje prestam serviços em caráter temporário, sem vínculo oficial com a instituição. Também é objetivo do grupo da UFSC que as escolas públicas contratem, como manda a lei, professores bilíngües e professores com o português como segunda língua, que se juntariam aos professores e intérpretes de Língua de Sinais que já existem em alguns estabelecimentos. “Isso promoveria uma efetiva inclusão dos alunos surdos ao processo educacional”, afirma ela. Única profissional da Universidade com especialização na área, Ronice de Quadros sonha com cursos de Pedagogia bilíngüe e de Português como segunda língua para surdos na instituição. Mesmo com as dificuldades, ela afirma que a reitoria e o Centro de Comunicação e Expressão têm demonstrado boa vontade e apoiado todos os pleitos do curso de Letras-Libras.

O curso de Letras-Libras tem um site (www.libras.ufsc.br) onde podem ser encontrados textos, publicações, imagens, vídeos, jogos e informações diversas. O telefone para contato é (48) 3721-6568.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom