Árvores nativas de SC são alternativas para setor madeireiro
Diversificar as espécies de árvores para produção de madeira é uma questão de sobrevivência. Este alerta foi feito pelo engenheiro florestal Paulo Ernani Ramalho Carvalho durante reunião da Associação Catarinense de Empresas Florestais hoje (30), na Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina).
“Algumas empresas catarinenses se especializaram em vender móveis de pinus para o mercado exterior e depois que o dólar caiu, tiveram grandes perdas. Nem adiantou tentar o mercado interno, que considera o pinus como uma madeira ruim”, acrescentou o Dr. Carvalho, que trabalha na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Ele lembrou que, sem beneficiamento, o pinus é vendido a preços que variam entre 50 e 240 reais por metro cúbico, enquanto o jacarandá do Ceará é exportado para a Europa por 5 mil dólares o metro cúbico.
Produzir madeiras nobres com pequeno grau de melhoramento – como recombinação genética a partir de sementes diferentes – é uma das alternativas viáveis para aumentar os lucros dos produtores catarinenses. No oeste do estado, existe a canafistula, que tolera solos de baixa fertilidade e cresce 3 metros por ano, além de dar belas flores amarelas. Em Concórdia há mil hectares de bracatinga, que lembra o carvalho e é usada em móveis de luxo que fazem sucesso no exterior. “Aparentemente as coisas brasileiras só são apreciadas no estrangeiro”, lamenta o engenheiro.
Outras espécies nativas foram listadas pelo Prof. Ademir Reis, da UFSC, que também falou de seu potencial para o setor madeireiro, porém do ponto de vista da biologia.
Carvalho citou usos diversos para as árvores mencionadas em sua palestra: “a canjarana serve para fazer perfume, corante e inseticida, o baguaçu tem grande potencial paisagístico e a araucária apresenta nas folhas um componente anti-envelhecimento e anti-oxidante comparável ao ginko biloba chinês. Nós temos que usar melhor nossos recursos naturais, mas para isso tem que ter ajuda do governo por meio de financiamento à pesquisa”.
Por isso e outros motivos a reunião técnica da Associação Catarinense de Empresas Florestais teve lugar na Fapesc e foi assistida pelo Diretor de Pesquisa Agropecuária, Dr. Zenório Piana. O encontro foi aberto pelo presidente da Associação, Ulisses Ribas Junior, e pelo presidente da Epagri, Murilo Xavier Flores.
Contatos na Fapesc pelo fone 3215-1210 e com o professor Ademir Reis pelo fone 3721-8539.
Por Heloísa Dallanhol/Fapesc