7ª Sepex: Pesquisas da UFSC podem ajudar a entender a ´Evolução`, tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

23/10/2008 07:41

Cores atraentes têm função de atrair polinizadores

Cores atraentes têm função de atrair polinizadores

A 7ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC é um dos mais de oito mil eventos que acontecem em quase 400 cidades brasileiras durante a Semana Nacional de Ciência & Tecnologia, de 20 a 26 de outubro. Todos os anos, a semana nacional escolhe um tema relacionado à importância da ciência e da tecnologia na sociedade. Já tratou de criatividade, inovação e do planeta Terra. Em 2008 traz como lema ´Evolução e Diversidade`. Na Sepex deste ano, um estande apresenta pesquisas que podem ajudar a entender um pouco melhor esse conceito.

A escolha do tema ´Evolução` foi feita para lembrar o aniversário de 150 anos da teoria de seleção natural, de Charles Darwin. Ao longo de seus estudos, Darwin tentou imaginar porque algumas espécies teriam sucesso em se manter ao longo dos anos, e outras não. A reflexão o levou a formular a idéia de seleção natural, onde o ambiente seria responsável por selecionar os animais que melhor se adaptassem a ele. Dessa forma, enquanto os animais menos adaptados morreriam antes de se reproduzir, os outros deixariam descendentes que tornariam suas características dominantes. Essas transformações formam a idéia de Evolução.

O estande “Fauna de Insetos na Mata Atlântica: Biodiversidade e Interações”, organizado pelos Laboratórios de Abelhas Nativas (Lanufsc), de Entomologia Médica (Lemed), de Biologia de Formigas e de Ecologia Terrestre e Animal, todos do Centro de Ciências Biológicas, apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida pelo professor Carlos Brisola e pela Anne Zillikens, da Universidade de Tübingen (Alemanha) em parceria com a professora Josefina Steiner. Desenvolvido desde 2002, o estudo é focado nas relações entre as bromélias da Mata Atlântica e os insetos que interagem com essas plantas. E coloca em evidência o conceito de co-evolução, usado quando as adaptações acontecem a partir da interação entre duas espécies de organismos.

Estratégias de vida

Um exemplo de co-evolução observado nas bromélias é a chamada síndrome de ornitofilia, adaptação das plantas para atrair pássaros para a polinização. Entre as bromélias, o beija-flor é considerado o melhor agente polinizador, ou seja, aquele que leva o pólen de uma flor à outra com maior eficácia, possibilitando assim a reprodução.

Na pesquisa desenvolvida na UFSC sobre bromélias nativas de Florianópolis, das seis espécies estudadas, apenas uma não era polinizada por beija-flores. Pela necessidade de atrair essa ave, algumas bromélias desenvolveram adaptações, como flores em forma de tubos estreitos adaptados aos bicos das aves. Também têm flores com cores atraentes para os pássaros (como o vermelho e o amarelo) e produzem grande quantidade de néctar durante todo o dia – o que atende a necessidade do beija-flor, que possui um metabolismo acelerado e precisa se alimentar entre duas ou três vezes por hora. “Se a planta sempre tiver néctar disponível, ele passa a visitá-la regularmente, numa rota quase fixa, realizando a polinização.”, explica a professora Anne.

De acordo com a professora Anne Zillikens, adaptações como essas se caracterizam como estratégias de vida. As bromélias, que são plantas epífitas, ou seja, crescem também em copas de árvores, precisaram desenvolver estratégias refinadas para conseguir os elementos essenciais para a sobrevivência. Estar no alto tem certas vantagens porque, além de estar protegida, a planta tem maior acesso à luz. No entanto, as bromélias não possuem raízes compridas o suficiente para chegar ao solo e absorver água e nutrientes, necessários para realizar a fotossíntese e crescer. Além disso, no alto há mais vento e calor, e a água evapora mais rapidamente.

Uma das características mais marcantes das bromélias é o tanque formado pelas folhas, que armazena água da chuva. É justamente a partir dele que essas plantas obtêm a água para sobreviver nesse ambiente. Suas folhas possuem escamas que possibilitam que o líquido seja absorvido, além de serem revestidas por uma camada de cera que evita que a planta transpire em excesso. As raízes têm apenas a função de fixar a planta no solo ou nos galhos de árvores. Por isso é comum ver bromélias se desenvolverem em pedras – ao contrário da maioria das plantas, elas não precisam da terra para obter água e sais minerais.

Os nutrientes também são obtidos através dos tanques de água, que atraem animais como mosquitos, pererecas e inúmeros insetos (a pesquisa da UFSC identificou cerca de 300 espécies diferentes em seis bromélias). Eles depositam suas larvas nos tanques e se alimentam de folhas e outros materiais orgânicos que caem ali. As fezes desses animais fornecem os nutrientes que a bromélia precisa.

Além de estratégias para se alimentar, as bromélias desenvolveram outras para garantir que a reprodução também aconteça na copa das árvores e as sementes germinem no alto. As plantas produzem frutos atrativos para animais, como aves e pequenos mamíferos, que comem e defecam as sementes nos galhos. Outras bromélias se utilizam do vento para dispersar as sementes, que são pequenas, leves e numerosas – há cerca de 200 em cada uma das em média 50 flores que formam a inflorescência das bromélias. Facilmente levadas pelo vento, elas possuem uma espécie de apêndice que gruda em galhos de árvores. Todas adaptações explicadas pela teoria de Charles Darwin.

Por Letícia Arcoverde / Bolsista de Jornalismo na Agecom

Saiba mais:

Site da Semana Nacional de Ciência & Tecnologia:

http://semanact.mct.gov.br

Biografia, trabalhos e curiosidades sobre Charles Darwin (em inglês): http://www.aboutdarwin.com/

Site com informações e material multimídia sobre Evolução (em inglês): http://www.pbs.org/wgbh/evolution/index.html

Fotos: Jones Bastos/Agecom

Fotos: Jones Bastos/Agecom

Mais informações sobre a pesquisa sobre bromélias e insetos da Mata Atlântica:

Professor Carlos Brisola: cbrisola@mbox1.ufsc.br / 48 3721-5208

Professora Josefina Steiner: steiner@mbox1.ufsc.br / 48 3721- 6509

Professora Anne Zillikens: anne.zillikens@uni-tuebingen.de / 48 3721- 6509

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