7ª Sepex: laboratório expõe pesquisas sobre novas funções para microalgas marinhas, como a produção de biodiesel

Fotos: Jones Bastos / Agecom
Criado em 1984 para a produção de alimento para larvas de camarões marinhos, estudados na Estação de Maricultura da Barra da Lagoa, setor ligado ao Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSC, o laboratório terá pela primeira vez um estande na Sepex. Além de painéis demonstrativos, a equipe trará um microscópio e aquários com algumas das dez espécies de microalgas cultivadas.
“Queremos mostrar o potencial biotecnológico das microalgas”, explica o professor Roberto Derner, coordenador do laboratório. “A idéia do estande é divulgar nossas atividades, já que normalmente as pessoas não têm contato com o cultivo de algas. É uma maneira de nos aproximarmos da comunidade e apresentar a ela o que pode ser feito a partir desses microorganismos”, conta Rafaela Corrêa, mestranda em Aqüicultura que participa do estudo.
De acordo com o professor Roberto, a idéia de montar o estande foi dos alunos que o compõem, que fazem parte dos cursos de graduação de Engenharia em Aqüicultura e Agronomia, e da Pós-Graduação em Aqüicultura.
Pesquisas
O laboratório desenvolve desde 2006 um projeto que busca a produção de biodiesel através das microalgas, em parceria com a Petrobras e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Os estudos levam em conta que as microalgas trazem diversas vantagens para essa produção de combustível. Por crescerem e se reproduzirem em tanques, por exemplo, não utilizam espaço agrícola, uma das principais críticas de ambientalistas à produção de biodiesel, a partir da cana-de-açúcar ou do milho.
De acordo com o professor Roberto, diversos centros de pesquisa no mundo tentam achar, entre as mais de 60 mil espécies conhecidas, a microalga ideal para produção de combustíveis. O Laboratório de Cultivo de Microalgas da UFSC é um deles.
No caso do composto astaxantina, o grupo busca um pigmento natural alternativo a partir de microalgas, já que praticamente todos os produtores de salmão hoje utilizam compostos sintéticos. A astaxantina é um pigmento vermelho que dá a coloração rosa não só ao salmão, mas ao camarão e ao flamingo. É produzido apenas por algas, que são ingeridas pelos camarões, que armazenam o pigmento na casca. Já os salmões e os flamingos se alimentam dos camarões, e armazenam a astaxantina na pele e nos tecidos gordurosos.
O salmão pode ser cultivado no mar, onde possui uma dieta parcialmente natural, ou em tanques terrestres, onde é alimentado com peixe, que não possui a astaxantina em seu organismo. Para não comercializar salmões brancos, os produtores adicionam o composto aos alimentos do peixe. Mas o composto natural tem alto custo, e a astaxantina produzida quimicamente em laboratório abastece cerca de 95% do mercado. Estudos clínicos indicam que a astaxantina natural tem maior valor biológico como composto bioativo, mas hoje as empresas que cultivam microalgas para obter o composto natural estão focadas em produtos para a nutrição humana ou produção de cosméticos.
Outro composto que é foco de estudos no Laboratório são os ácidos graxos poliinsaturados, tipo de gordura obtida através de diversas fontes vegetais e animais. Nos últimos séculos, inúmeras doenças foram relacionadas ao baixo consumo de ácidos graxos poliinsaturados, como por exemplo, doenças cardiovasculares. Estudos mostram que as microalgas possuem alta quantidade desses ácidos, e em algumas espécies esses compostos correspondem a 60% do
total de gorduras.
Um exemplo de ácido graxo poliinsaturado é o Omega 3, normalmente associado à carne de peixe. No entanto, estudos indicam que o Omega 3 dos peixes é obtido através da ingestão de zooplâncton, que ingere microalgas. Ou seja, as algas são a fonte inicial destes compostos. Nos peixes, eles trariam algumas desvantagens, como a presença de colesterol, baixa estabilidade e, um perfil mais complexo do que nas algas, no qual os ácidos teriam uma composição mais simples e mais facilmente purificada.
A equipe também já participou de um projeto de seqüestro de carbono, desenvolvido pela Petrobras e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC, durante os anos de 2003 e 2005, sob a coordenação do professor Jorge Luiz Barcelos Oliveira. Algumas espécies de microalgas foram selecionadas e cultivadas em condições controladas. Dessa forma, foi possível entender melhor seus constituintes celulares e determinar quais espécies melhor assimilam gás carbônico.
De acordo com o professor Roberto Derner, as algas possuem potencial para a realização de inúmeras pesquisas. “A literatura aponta que são conhecidas cerca de 60 mil espécies de algas, porém esse universo pode chegar a números muito superiores”, explica o coordenador do laboratório.
Letícia Arcoverde / Bolsista de Jornalismo na Agecom
Saiba mais:
Entenda a produção de biodiesel a partir das microalgas marinhas, através do projeto “Por dentro da tecnologia”, da Petrobras.
Infográfico animado:
http://www.pordentrodatecnologia.com.br/info_setembro_08.php
Encarte trazido na revista Superinteressante:
http://www.pordentrodatecnologia.com.br/pdf/2008/info2008_8.pdf
Mais informações pelo telefone (48) 3231-3400, Laboratório de Cultivo de Microalgas, ou pelo e-mail robertoderner@lcm.ufsc.br.
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