7ª Sepex: Laboratório de Protozoologia mostra trabalho de diagnóstico da Doença de Chagas e da Leishmaniose

21/10/2008 17:15

A UFSC vai mostrar em sua Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão como colabora com o diagnóstico da Doença de Chagas e da Leishmaniose – duas doenças tropicais que parecem ultrapassadas mas ainda preocupam. O trabalho faz parte das atividades de extensão do Laboratório de Protozoologia, desde 2001 considerado pela Secretaria de Saúde do Estado de Santa Catarina (SES/SC) referência na realização de análises para confirmação destas patologias.

Incluída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre as seis mais importantes doenças de origem parasitária no mundo, a Leishmaniose vem se expandindo em Santa Catarina. Até o início da década de 80, o Estado não tinha registros da doença. De 1993 a 2004 foram confirmados 86 casos e, desde 2005, outros 250 foram diagnosticados no Vale do Itajaí, nas cidades de Itajaí, Itapema, Camboriú, Balneário Camboriú e Blumenau.

Além disso, estudo da UFSC no município de Piçarras, litoral norte do Estado, mostrou que entre 583 estudantes investigados apenas um tinha passado de lesão compatível com a doença – mas 15,6% apresentaram teste cutâneo positivo. “Isso significa que as pessoas estão sendo picadas pelo inseto infectado e portanto estão sendo infectadas, mas não apresentam as feridas provocadas pela Leishmaniose. Recentemente foram também registrados os primeiros casos de co-infecção HIV-Leishmaniose na região do vale do Itajaí”, explica o professor Mário Steindel, pesquisador do Laboratório de Protozoologia.

Por meio de projetos financiados pelo CNPq e pela Secretaria de Estado da Saúde, o grupo da UFSC ligados a este setor desenvolve ações de pesquisa e extensão nas áreas que têm apresentado os focos. “A Leishmaniose ainda é uma doença negligenciada”, alerta o professor Steindel. Segundo ele, o diagnóstico da doença não é simples e muitas vezes ela é confundida com hanseníase, câncer de pele e micoses, levando a tratamentos inadequados, o que agrava as feridas.

Doença de Chagas

Santa Catarina não é considerado endêmico para doença de Chagas humana. No entanto, o protozoário Trypanosoma cruzi, os animais reservatórios como gambás e roedores e os insetos transmissores (barbeiros) existem em todo Estado possibilitando a existência do chamado ciclo silvestre do T. cruzi. Este fato possibilitou que em 2005 ocorresse um surto de Doença de Chagas Aguda no município de Navegantes, onde 24 pessoas foram infectadas através da ingestão de caldo de cana contaminado, resultando na morte de três pessoas.

O Laboratório de Protozoologia presta o serviço de diagnóstico parasitológico, sorológico e molecular da Doença de Chagas e também realiza um estudo de acompanhamento dos pacientes tratados em conjunto com os profissionais de saúde do Estado.

Em busca de medicamentos

A equipe vai demonstrar também durante a Sepex o trabalho de avaliação de compostos naturais extraídos de plantas do cerrado e de algas marinhas, além de outros sintetizados em laboratório com potencial para combater o Trypanosoma cruzi (causador da Doença de Chagas), a Leishmania amazonensis e a Leishmania braziliensis (causadoras da Leishmaniose). Estas substâncias são avaliadas contra os parasitos em diversas concentrações, para observação de seu efeito. “Testamos os mesmos compostos contra células humanas, a fim de se avaliar sua citotoxicidade. Um composto muito citotóxico não é adequado.”, explica Kamille Duarte Uggioni , estudante que integra o Laboratório de Protozoologia.

Doenças causadas por pombos

Outra frente de trabalho do grupo que será demonstrada na Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão é a avaliação da variabilidade genética do fungo Cryptococcus neoformans isolado em amostras de fezes de pombos na região central de Florianópolis. Esse é um fungo patogênico oportunista que afeta principalmente pessoas imunodeprimidas – infectadas por HIV ou que sofrem de insuficiência renal crônica, alcoolismo, cirrose, diabetes, câncer, leucemia, transplante de órgãos, esplenectomia, quimioterapia, radioterapia ou altas dosagens de esteróides. Portanto, alerta a equipe, estudos de correlação entre a presença das aves, suas fezes e a criptococose humana são de grande importância para saúde pública.

Mais informações sobre o Laboratório de Protozoologia no estande ´Parasitoses tropicais e a atuação do Laboratório de Protozoologia`, número 83, na seção de Saúde da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão.

– Também no site http://www.proto.ufsc.br/index.html

– Fones: (48) 3721-5516 / 3721-5517

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

A Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC

A sétima edição da Sepex será realizada de 22 a 25 de outubro, em frente à Reitoria. O “grande circo” da Sepex terá quase seis mil metros quadrados, está sendo montado na Praça da Cidadania da UFSC, para uma mostra de trabalhos em mais de 100 estandes interativos e 1.300 painéis. Outros 600 projetos serão apresentados no Seminário de Iniciação Científica, evento paralelo à Sepex.

No período serão também oferecidos mais de 200 cursos gratuitos de curta duranção, que já tiveram as inscrições encerradas com quase seis mil participantes. Será ainda realizada durante a semana a inauguração de oito equipamentos interativos que dão início à construção de um parque de ciência no campus universitário.

Este ano a Sepex está integrada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Os objetivos são os mesmos: ressaltar a importância da produção do conhecimento na vida da população e no desenvolvimento do País.

Mais informações sobre a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão com a pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Débora Peres (debora@reitoria.ufsc.br / Fone: 3721-9716) ou com a diretora do Departamento de Projetos de Extensão, Mônica Aparecida Aguiar dos Santos (monica@cca.ufsc.br / Fone: 48 3721-8305)

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