União Européia tem 54 bilhões de euros para estimular a cooperação internacional
A União Européia dispõe de 54 bilhões de euros para investir na cooperação internacional até 2013 e colocou o Brasil, a Argentina, o Chile e o México como parceiros estratégicos para viabilizar pesquisas e programas, envolvendo universidades, pequenas e médias empresas em projetos de desenvolvimento regional e nacional. Para mostrar aos pesquisadores brasileiros como ter acesso a essas verbas, esteve nesta segunda-feira (08/09) no auditório do Celta, em Florianópolis, o conselheiro de Ciência e Tecnologia da delegação da Comissão Européia no Brasil, Angel Landabaso, que falou para professores e técnicos da Universidade Federal de Santa Catarina, Udesc, sistema Acafe e pequenas empresas de tecnologia e inovação. Na solenidade de abertura, a UFSC foi representada pelo vice-reitor Carlos Alberto Justo da Silva.
Os recursos fazem parte do 7º Programa-Quadro de Pesquisa e Desenvolvimento da União Européia (7º PQ) e serão utilizados para “promover o crescimento e o emprego, por meio da educação e da inovação, reforçando o material humano e seu potencial” em diferentes partes do mundo, segundo Angel Landabaso. A participação do Brasil e de outros países latino-americanos é vista como essencial, porém hoje a cooperação acontece de forma esparsa e isolada no continente, com excessiva concentração na pesquisa e um grande desconhecimento mútuo dos projetos e prioridades de lado a lado. “A União Européia conhece pouco do que se faz por aqui”, admitiu Landabaso, adiantando que editais conjuntos na área de biocombustíveis podem merecer especial atenção no programa em curso (7º PQ).
O diretor do escritório da UE no Brasil, Paulo Egler, afirmou que a cooperação se pauta, atualmente, mais pelas relações pessoais do que por programas claros de aproximação entre os países. “Apesar da grande disponibilidade de recursos de comunicação, o fluxo de informações sobre a cooperação é extremamente precário”, diz ele. “A hora é de definir políticas para o setor, avançando na visão mais conceitual da cooperação”, ressaltou. De sua parte, a UFSC estabeleceu como meta inserir 4% dos seus corpos docente e discente na mobilidade internacional, de acordo com o vice-reitor Carlos Alberto da Silva.
O presidente da Fapesc, Antônio Diomário de Queiroz, diz que para haver êxito será preciso articular e sistematizar o processo de cooperação, caso contrário se manterão as dificuldades para absorver os recursos colocados à disposição pelos organismos internacionais. “No 6º Programa-Quadro havia 295 milhões de euros disponíveis, e só foram aplicados 60 milhões”, informa ele. “Os 54 bilhões de agora representam três vezes mais que o PAC da Inovação do governo brasileiro, que já considerávamos muito dinheiro”.
Para vencer a desarticulação reinante, que fez cair o número de projetos e de pesquisadores trabalhando, Diomário acha necessário estruturar melhor os sistemas e as redes de informações. Outra saída é aumentar a cooperação com os demais países da América Latina, com quem o Brasil realiza apenas 1% de toda a sua mobilidade. Exemplos bem-sucedidos, porém viabilizados no longo prazo, estão nos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica e Engenharia de Produção da UFSC, onde há dezenas de grupos de excelência. “Não há como avançar para a excelência na pesquisa e inovação sem cooperação internacional”, decreta ele. A Fapesc foi responsável pela organização do seminário no Celta.
Por Paulo Clóvis Schmitz/Jornalista da Agecom