Pesquisas revelam má formação de professores

03/09/2008 12:41

O segundo dia da programação do IV Colóquio Luso-Brasileiro sobre Questões Curriculares, que está sendo realizado no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, foi marcado com apresentação de relatos de pesquisas desenvolvidas no setor educacional em todos os seus níveis. A professora Alda Junqueira Marin, da PUC de São Paulo, apresentou resultados de sua pesquisa ´A formação pedagógica de professores para o início da escolarização`, tendo como objeto de estudo professores de uma cidade do interior de São Paulo, que estavam para se formar no semestre seguinte.

O grupo era formado por 28 formandas do curso de Pedagogia para atuação com alunos das classes iniciais do ensino fundamental. Testes foram aplicados aos professores, visando avaliar o grau de conhecimento adquirido na área de administração escolar, formação propedêutica e relacionamento escola-comunidade. As verificações foram as mesmas elaboradas pelo Ministério da Educação e aplicado na avaliação dos egressos dos cursos médios em 2003.

Como resultado, os professores demonstraram desconhecer a língua portuguesa e não compreenderam os enunciados das questões apresentadas. Além disso, no quesito administração da escola, os pesquisados não responderam satisfatoriamente os aspectos fundamentais para cuidar de um estabelecimento escolar. Com relação à finalidade e papel do Conselho de Classe, os pesquisados não demonstraram convicção nas suas respostas.

Já o professor Carlos Eduardo dos Reis, do Departamento de História da UFSC, ao apresentar o resultado da sua pesquisa “formação do currículo de curso superior” disse que investiu oito anos na pesquisa no setor. Segundo ele, os resultados da pesquisa da professora Ada batem com as suas conclusões, que apontam a má formação dos professores como intencional dos governos.

Na opinião do professor, a educação foi juridicamente criada no Brasil para ser ruim. Em 1962, afirma o pesquisador, por decreto federal, criou-se o curso de formação de professor polivalente, com um vasto currículo escolar, mas sem aprofundar-se em nenhuma área especificamente. A Lei de Diretrizes Básicas da Educação, criada pelo Ministério da Educação, tornou vertical e não levou em consideração as questões regionais. O embasamento jurídico do conselho encaminha a formação do professor. Por isso os cursos de licenciatura, na opinião do pesquisador, são fracos. “A educação no país foi pensada para ser ruim e mal-remunerada”, concluiu.

Por José Antônio de Souza/jornalista na Agecom