Graduação em Jornalismo em debate na Semana do Jornalismo da UFSC
O importante é observar
A pesquisadora e professora da USP, Cremilda Medina, foi a convidada dessa quarta-feira na VII Semana. Ela falou sobre graduação em Jornalismo para estudantes dispostos a discutir experiências e conhecimento da professora, que é considerada ícone dos “estudiosos de jornalismo no Brasil”.
Medina começou contando que Florianópolis é sua “terra eleita” desde a década de 60, “quando aqui não existiam nem ruas asfaltadas”. Colocou que a parte mais importante de sua palestra seria a segunda, em que se abre espaço para as perguntas e que caberia a ela o papel de interlocutora.
Começou então a primeira parte, na qual fez uma homenagem “indireta” a seus alunos. Em uma seqüência de slides sobre o título Tudo quer dizer alguma coisa?, Medina contou sobre a história da série São Paulo de Perfil – projeto que hoje computa 26 publicações em que são apresentadas as personalidades da cidade. Os temas variam desde a primeira edição, de 1987, intitulada Virado à paulista (que preconiza que o jornalista deve aprofundar-se nos perfis para poder conhecer a sociedade em que vive), passando pela vida dos migrantes, o que as crianças pensam, o paradoxo metrô-superfície até a última, publicada ano passado, sob o tema USP Leste e seus vizinhos.
Ao fim da apresentação, uma das organizadoras do evento, a aluna Juliana Sakae, indagou a professora a respeito de como ela via os currículos das universidades de jornalismo, tanto a UFSC quanto a USP, a relação entre a teoria e a prática, a técnica e a reflexão – tema inicialmente proposto para a palestra.
Medina explicou que, “como testemunha e participante de diversas etapas curriculares”, ao longo de sua vida acadêmica, chegou à conclusão que não há como estabelecer um currículo único. Cada região, cada cultura deve moldar a formação de seus jornalistas de acordo com a realidade que a cerca. Hoje, “alforriada”, fora do departamento de jornalismo da USP, a professora vê com mais nitidez os erros e acertos dos cursos de graduação. Para ela, os currículos, porém, “não se apresentam como um avanço progressivo. Têm períodos de sustos, arrancos e depois vão para traz”.
Então, o que fazer? Como melhorar ou adequar os currículos? Medina explica que uma solução seria buscar nas raízes humanísticas (filosofia, história, sociologia, entre outras) e na interdisciplinaridade os recursos para melhor compreender a sociedade e os fatos que devem ser relatados a ela. A observação, para Medina, é a chave para fugirmos do Jornalismo duro, maquinal e para passarmos aos leitores o que a realidade tem a oferecer aos sentidos, à percepção além dos relatos oficiais.
A professora finaliza argumentando que, para se sobressair na profissão e fazer um jornalismo consistente é preciso sim dominar as técnicas de apuração, redação e edição, mas sobretudo tornar-se um “mediador-autor do diálogo social”.
Por Bárbara Dal Fabbro / Assessoria da VII Semana do Jornalismo da UFSC




























