Documentário fala da obra do cineasta catarinense Marcos Farias

15/09/2008 13:45

Depoimentos de Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Eduardo Coutinho, Othon Bastos e Flávio Migliaccio, além de intelectuais catarinenses, dão a dimensão de quem foi e o que realizou o diretor Marcos Farias, tema do documentário “Olhar de um cineasta”, dirigido por Cesar Cavalcanti. Morto em 1985, Farias – que nasceu em 1933 em Campos Novos – participou do Grupo Sul e dirigiu, no Rio de Janeiro, um episódio de “Cinco vezes favela”, o filme que praticamente inaugurou o Cinema Novo, nos anos 60. O documentário de Cavalcanti, com cenas gravadas em Florianópolis, Rio e Petrópolis, será exibido às 15h40 do dia 24 de setembro no auditório da reitoria da UFSC, dentro da programação da Semana Ousada de Artes.

Com 75 minutos de duração, o filme mescla cenas das produções de Farias com depoimentos de companheiros do cinema brasileiro que com ele conviveram – além dos acima citados, aparecem Paulo Cesar Saraceni, Salim Miguel, Eglê Malheiros, Silveira de Souza, Herculano Farias e Cícero Sandroni. A atriz Ângela Leal, que atuou em dois de seus filmes, fala emocionada de sua relação profissional e da amizade com o cineasta. E Othon Bastos e Flávio Migliaccio falam de sua sensibilidade na direção de atores.

Eglê Malheiros e Salim Miguel foram parceiros de Marcos Farias nos tempos do Grupo Sul e, mais tarde, nos filmes “A cartomante” e “Fogo morto”, cujos textos originais (de Machado de Assis e José Lins do Rego, respectivamente) transformaram em roteiro cinematográfico. Participam ainda do documentário a filha Patrícia e a mulher do cineasta, Maria Clara Borges Feigenbaun, que recordam momentos da vida privada do diretor.

“Ele primava pela sutileza e delicadeza na narrativa, quando abordava questões sociais”, diz o diretor de “Olhar de um cineasta”, Cesar Cavalcanti. O documentarista acredita que farias estava à frente de seu tempo, “embora tenha sido um vigoroso operário e um grande empreendedor em tudo que realizava”. Entre os longas que dirigiu e produziu estão “Cinco vezes favela” (episódio “Um favelado”), “A vingança dos 12”, “A cartomante”, “Fogo morto” e “Bububu no bobobó”.

Exposição de textos e imagens –Acompanhando a programação da Semana, será montada uma exposição retrospectiva composta pela reprodução de materiais que retratam momentos importantes da vida de Marcos Farias. São cartazes de filmes, fotos de cenas, artigos sobre cinema, contos de sua autoria, entrevistas e outros textos levantados junto ao acervo da família e de amigos. Ele deixou roteiros, argumentos e críticas que ajudam a entender a sua participação na criação das bases do Cinema Novo.

O objetivo do evento multimídia é “trazer ao conhecimento das novas gerações a importância da obra de Farias para a cultura brasileira”, segundo Cesar Cavalcanti. A exposição pode ser vista de 23 a 26 de setembro, das 8h às 22h, no hall da reitoria da UFSC.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom