Almiro Caldeira e a visita do imperador
A obra de Almiro Caldeira, escritor catarinense falecido no ano passado, é marcada pela temática da imigração açoriana: boa parte de seus contos, romances e novelas tem como pano de fundo a vida das famílias que, a partir de meados do século XVIII, ocuparam diferentes pontos da Ilha de Santa Catarina, vindas do arquipélago dos Açores, vinculado a Portugal. Agora, a Editora da UFSC apresenta a edição póstuma de “O lume da madrugada”, cuja trama se desenrola nos tempos da visita do casal imperial, em 1845, e da infância de Victor Meirelles. O lançamento está marcado para o dia 6 de setembro, sábado, às 10h, na livraria Livros & Livros (rua Jerônimo Coelho, 215, Centro), em Florianópolis.
Romance de intenção histórica, O lume… recompõe o ambiente ilhéu, com suas figuras populares e seu linguajar típico, nos dias em que dom Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina chegaram para conhecer a cidade, distribuir benesses e aventurar-se num longo passeio às águas termais de Santo Amaro. Paralelamente, a história acompanha a trajetória do menino Victor Meirelles, que mais tarde seria consagrado como pintor oficial da corte brasileira. Diz ele, a certa altura do livro, sabendo que teria poucas chances de mostrar seus desenhos ao imperador: “Se agora eu não puder, um dia hei de pintar os seus retratos, podes escrever!”
Também dominam a cena figuras notórias da cidade do Desterro (nome dado à capital até 1894), as desventuras amorosas do par Adriano e Julinha e a misteriosa espera de uma bela mulher chamada Mência pela volta do marido morto em alto-mar. Como em outros livros de Caldeira, esta edição da EdUFSC – que já publicara cinco obras de sua autoria – revela um escritor meticuloso e fiel ao universo ilhéu num momento peculiar da história de Florianópolis.
O universo mítico-histórico do litoral começou a ser devassado por Almiro Caldeira na novela Rocamaranha, que se ocupa da travessia dos imigrantes e das incertezas acerca do futuro que os esperava no Atlântico Sul. Foi assim também com Arca açoriana, história ambientada em 1777, durante a invasão espanhola. A construção da ponte Hercílio Luz é o eixo central do romance Em busca de terra firme, ao passo que a revolução de 1930 e seus desdobramentos são narrados, com ares de ficção, em O vento que veio do sul. Do mesmo autor, a EdUFSC também lançou A esperança, talvez e Uma cantiga para Jurirê.
O lume da madrugada
Almiro Caldeira
Editora da UFSC – Série Geral
256 p. – R$ 25,00
Mais informações na Editora da UFSC, pelos fones (48) 3721-9408/9605/9686.
Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom