II Seminário do IBAS propõe desenvolvimento de pesquisas conjuntas e Edital tripartite
O II Seminário Acadêmico do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) aconteceu de 13 a 15 de agosto em Florianópolis, coordenado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (CAPES) do MEC, em parceria com a UFSC.
O IBAS é um bloco político formado pelos três países, em 2003, objetivando atuação conjunta em termos estratégicos e econômicos para os integrantes.
O I Seminário Acadêmico aconteceu em Johannesburgo, África do Sul, em 2007, quando foi firmado o Programa de Intercâmbio no Campo da Educação Superior, para realizar projetos de pesquisa com intercâmbio de docentes e pós-graduandos.
O Seminário teve seis eixos temáticos: Biotecnologia e Inovação; Engenharia, Matemática e Ciências da Computação; Educação Superior; Governança Global, Investimento e Comércio Internacional; Transformação e Coesão Social – Aspectos para Sociedades em Transição e Desenvolvimento Sustentável.
Os seis grupos, relativos aos temas, após um dia e meio de debates apresentaram na sexta, dia 15, suas propostas.
Conclusões por Temas:
Tema 1: Biotecnologia e Inovação – coordenação Maria de Fátima Grossi de Sá ( Embrapa) e Adriana S. Hemerly (UFRJ). Contou com representantes dos três países.
O grupo concluiu pela elaboração de Edital Geral de Cooperação e também a organização de workshops específicos. A cooperação deve ser trilateral e o rascunho do projeto deve estar pronto até 31 de outubro para ser desenvolvido em dois anos.
Tema 2: Engenharia, Matemática e Ciências da Computação – Coordenação José Ricardo Bergmann ( PUC/RJ) e Phillipe Olivier Alexandre Navaux (UFRGS). Contou com dois participantes da Índia, dois da África do Sul e 10 brasileiros de diferentes universidades.
O grupo concluiu que a Plataforma IBAS deve ser usada para promover desenvolvimento social e industrial nos países membros e que Engenharia e Ciências da Computação desempenham um papel chave para atingir este objetivo. Para tal devem ser elaborados projetos de pesquisa conjuntos, ser concedidas bolsas de pesquisa para as áreas de interesse comum destacando-se: Nano e Microtecnologias; Educação – na área das engenharias, incluindo-se a educação a distância; Inteligência Computacional e Sistemas de Controle e Automação.
Além das pesquisas devem ser organizados workshops e atividades nessas áreas, resultando em atividades concretas colaborativas. O grupo elencou, também, como possíveis tópicos para o futuro: Pesquisas automotivas; Telemedicina; Computadores de alta performance, Sistemas embarcados e Energia.
Tema 3: Educação Superior– Coordenação: Claudio Costa Pinheiro (Unicamp)
O grupo teve uma quantidade grande de participantes.
Sinalizou caminhos para a discussão, reconhecendo que os países vêm de legados sociais distintos que se refletem na educação superior. Daí decorrem eixos múltiplos de exclusão em nível acadêmico com particularidades distintas conforme os contextos universitários e características regionais. Há desigualdades simétricas e similitudes desiguais, tornando difícil a unidade. Mas por outro lado há questões iguais. Como lidar com a exclusão social, com a fuga de cérebros, com a barreira das línguas?
Nas áreas de humanidades há desafios epistemológicos para desenvolver conhecimentos. A entrada da África do Sul gerou uma nova perspectiva de comparação epistemológica já que ela é tem uma realidade tão diferente das outras Áfricas. Já a entrada da Índia produziu uma inquietação, fundamental, para a produção do conhecimento em Ciências Sociais.
Claudio C Pinheiro, nas conclusões apresentou, também, o censo acadêmico que está sendo feito pelo MEC de pesquisadores brasileiros, dentro e fora do país e estrangeiros, no Brasil, que lidam com a temática África do Sul e Índia. Apesar de o IBAS ter sido formado em 2003, havia pesquisadores trabalhando há muito mais tempo com a questão. Mais de 1.000 brasileiros estão pesquisando a Índia em diferentes áreas e quase 200 a África do Sul. O censo deve ficar pronto em outubro deste ano.
Tema 4: Governança Global, Investimento e Comércio Internacional: Coordenação: Luciana Acioly (IPEA). Não contou com representante da Índia.
O grupo concluiu por desenvolver pesquisa conjunta em dois temas: Investimento direto externo – deverá ser avaliado o papel do investimento direto na economia dos países do IBAS e o investimento dos países do IBAS no exterior e identificadas as oportunidades de cooperação. O outro tema é Comércio internacional, no qual devem ser avaliados os acordos bilaterais e multilaterais em relação aos seus impactos sobre a coesão regional de cada país do IBAS ( MERCOSUL, Sacu – Acordo de livre comércio entre países sul-africanos). Deve ser apresentado um documento final da pesquisa na forma de livro e se fazer uma sugestão de agenda política dos temas, convidando-se, para participação, a Índia.
Tema 5: Transformação e Coesão Social – Aspectos para Sociedades em Transição. Coordenação: Milko Matijascic (IPEA e PNUD).
Não houve representante presente da Índia.
O grupo trabalhou dois eixos: Coesão mais transformação do ponto de vista da seguridade social e mercados de trabalho e geração de oportunidades. A partir da troca de experiências formulou uma Agenda de pesquisa com cinco tópicos, sendo que a idéia é de que seja trilateral: Fortalecimento de instituições para a consolidação da democracia; Mercados de trabalho – evolução e perfil (incluindo-se informalidade e índices de desemprego); Transformação social : raça e gênero – com a participação e o aval de Mario Theodoro – diretor de cooperação internacional do IPEA e especialista em questões de raça; Violência social nas áreas urbanas marginalizadas e com a demanda, via e-mail, da Índia: Mundo rural e desenvolvimento social.
Os projetos serão transformados em termos de referência para cada grupo e será elaborada uma agenda até outubro de 2008. Entre outubro e dezembro vão promover visitas nos três países para tratar dos temas e serão realizados workshops para estabelecer a maneira mais precisa para as colaborações temáticas. Há um fundo alocado na CAPES para promover este tipo de cooperação e adaptar às realidades nacionais. Para 2009 está previsto o desenvolvimento de projetos, onde serão acionadas as redes de pesquisadores que estão trabalhando com o IPEA.
Tema 6: Desenvolvimento Sustentável
Coordenação: Benamy Turkiewicz (UFRGS) e Vanderley John (USP).
A partir do conceito de Sustentabilidade – fazendo a diferença, foram propostos os seguintes temas: Mobilidade (urbana e rural); Desigualdades regionais e locais; Materiais de Construção; Consumo de energia e Condições de Vida – espaços, serviços e infra-estrutura.
Conclusão Geral:
Os grupos fizeram sugestões de temas para projetos conjuntos, alguns já apresentaram proposta de projetos conjuntos.
O objetivo final é a proposta de edital geral de cooperação internacional ou vários editais através de chamadas específicas – ainda em fase de definição o modelo a ser adotado – para que na próxima reunião de cúpula do IBAS, em outubro, em Nova Déli se possa preparar um Edital Tripartite que seja divulgado em novembro para ser implantado a partir de 2009.
Mais informações:
Alexandre Prestes Silveira – Coordenador de Projetos de Cooperação Internacional da CAPES tel: (61) 2104-8875
UFSC: Professor Paulo Emílio Lovato – Diretor do Departamento de Cooperação Acadêmica da Secretaria de Relações Institucionais e Internacionais tel: (48) 3721- 8224
Por Alita Diana/jornalista da Agecom