Comissão de Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas na UFSC debate implantação no primeiro semestre

Fotos: Jones Bastos / Agecom
Marcelo Tragtenberg, presidente da Comissão, explicou que as ações afirmativas são, por definição, iniciativas que visam à neutralização da discriminação. Nos Estados Unidos a nomenclatura é a mesma, mas na Europa a denominação utilizada é Discriminação Positiva. O presidente afirmou ainda que cerca de 50% das universidades federais brasileiras já implantaram ações afirmativas, e 40% das estaduais seguiram pelo mesmo caminho.
“A impressão é de que, por nosso país viver num regime democrático, não temos desigualdades raciais”, alertou Tragtenberg. Ele lembrou que em 1995 foi realizado um estudo comparativo entre o Brasil e África do Sul – que havia acabado com o apartheid há poucos anos.
“A pesquisa comprovou que a porcentagem de escolarização entre negros brasileiros e africanos era igual quando se tratava do ensino superior, mas que no ensino médio e no fundamental, a África detinha, por vezes, índices melhores”, disse Tragtenberg. Complementando sua apresentação, o presidente também trouxe números do censo do IBGE de 2000: dentre os profissionais liberais, apenas 0,5% dos dentistas, 2,9% dos médicos, 1,7% dos engenheiros e 1,5% dos advogados são negros.
Quanto ao desempenho dos alunos cotistas, a reunião mostrou que há preocupação das coordenações dos cursos para não só recebê-los como também auxiliar sua permanência na universidade. “É um desafio didático-pedagógico que lançamos aos professores: colocar no mesmo patamar os alunos provindos de escolas particulares e os que vieram do ensino público”, destacou Tragtenberg.
O coordenador de Engenharia de Controle e Automação, Augusto Bruciapaglia, levou a experiência do seu curso à reunião. “Logo que soubemos que as ações afirmativas seriam implantadas na UFSC, percebemos que seria necessário um esforço pedagógico conjunto. Começamos a oferecer a todos os alunos aulas de reforço de física e de cálculo”. Augusto também mencionou o comportamento entre alunos e professores nesse primeiro semestre.
“Não percebemos segregação; a integração entre eles foi mais do que pacífica”. A preocupação, no entanto, recai no futuro: “Tradicionalmente temos mais reprovações na quinta fase, ou seja, no meio do curso. Acredito que há necessidade de se institucionalizar esse processo pedagógico de nivelamento”, avaliou o professor Bruciapaglia.
Tragtenberg citou que o acompanhamento dos alunos cotistas tem sido feito de forma efetiva: a comunicação online é freqüente, a fim de informá-los dos programas de que podem fazer parte; o Cursinho Pré-Vestibular da UFSC começou a oferecer apoio pedagógico através de aulas de reforço em disciplinas como matemática, química, redação e física; o Laboratório de Informação e Orientação Profissional (Liop) está disponibilizando apoio psicológico e a Moradia Estudantil e o Restaurante Universitário também estão sendo envolvidos nos debates a fim de possibilitar o acesso de maior número de alunos.
Política de acesso é mantida no Vestibular UFSC/2009
A UFSC aprovou em 2007 a implantação de um Programa de Ações Afirmativas. Ele reserva 20% das vagas de cada curso a candidatos que cursaram integralmente o ensino fundamental e médio em escolas públicas. Outros 10% são destinadas aos autodeclarados negros que, preferencialmente, tenham cursado integramente o ensino fundamental e médio em escolas públicas.
Há ainda vagas para candidatos de origem indígena – no Vestibular UFSC/2008 foram cinco e, até 2013, o Programa de Ações Afirmativas da UFSC prevê o aumento de uma a cada ano. No Vestibular UFSC/2008, o primeiro em que as popularmente chamadas ´cotas`foram implantadas, das 4.095 vagas oferecidas, 1.211 foram preenchidas por candidatos de escola pública, negros e indígenas. As vagas não preenchidas retornam à classificação geral dos vestibulandos.
O Programa de Ações Afirmativas tem um prazo de cinco anos para ser ajustado. No final desse período, volta a ser avaliado pelo Conselho Universitário. A iniciativa está inserida no movimento nacional das Instituições Federais de Ensino Superior que colocou em pauta a democratização do ensino superior no Brasil.
Palestras sobre as Ações Afirmativas e a isenção da taxa de inscrição do Vestibular UFSC/2009
O presidente da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve/UFSC), Julio Felipe Szeremeta, e o presidente da Comissão de Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas da UFSC, Marcelo Tragtenberg, comunicam que as escolas públicas da Grande Florianópolis podem solicitar palestras para esclarecimento de seus estudantes. Os alunos devem estar alertas para algumas datas: pedido de isenção da taxa de inscrição no vestibular (de 4 de agosto a 1° de setembro), e inscrições do vestibular, que deverá ser feita no período de 9 de setembro a 9 de outubro, somente via internet, no site www.vestibular2009.ufsc.br
– Mais informações sobre o Programa de Ações Afirmativas com o professor Marcelo H. R. Tragtenberg, e-mail: marcelo@fisica.ufsc.br, fone: 8408 8304
– Sobre a possibilidade de palestra nas escolas para explicações a respeito das isenções da taxa de inscrição do vestibular, informações junto à Coperve: 48 3721 9200