Fapesc articula parceiros para construir centro de neurociências
Cotado para o Prêmio Nobel de Medicina, o Neurocientista Miguel Nicolelis assinou sexta (04/07) carta de intenções para estabelecer o Cluster Neurotecnológico Florianópolis em dois anos. O empreendimento englobará um hospital, centros de pesquisa e uma escola, a exemplo da que existe em Natal.
“Lá temos alunos de escolas públicas, que após as aulas normais, estudam conosco. Tinha criança que não sabia a diferença entre metro e centímetro, e agora está fazendo maquetes em escala, montando robôs, aprendendo física, química e biologia – antes de entrar para o ensino médio. Isso impressionou o Presidente Lula e pode ser ‘clonado’ para todo o Brasil”, disse Nicolelis durante visita à Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Seu presidente, o professor Diomário Queiroz, achou a proposta “revolucionária” e garantiu: “A Fapesc vai viabilizar a parte do estado neste projeto”.
Da reunião feita na Fundação surgiu a idéia de estender as atividades do cluster – inicialmente previstas para a Cidade Universitária Pedra Branca, em Palhoça – ao Parque Sapiens, em Canasvieiras. “Nele existe um ambiente em que universidades e empresas trabalharão integradas”, explicou José Eduardo Azevedo Fiates, diretor executivo do Parque. Também há ações para ensinar ciência a crianças que poderiam se beneficiar do modelo já adotado no Rio Grande do Norte.
“A molecada está tão motivada que vamos construir o primeiro observatório astronômico do nordeste operado por crianças. Elas já estão medindo as luas de Júpiter”, contou Nicolelis, professor titular do Departamento de Neurobiologia da Universidade de Duke (EUA). Ele foi convidado pela Fundação Nobel a fazer uma conferência em novembro passado. “Meu trabalho entrou para o radar deles,” afirmou recentemente à Revista Brasileiros, que o considera o pesquisador brasileiro mais influente no exterior.
Nicolelis já foi objeto de reportagem na Scientific American e em outras publicações internacionais, mas é no Brasil que pretende realizar o sonho de usar a ciência como agente de transformação social. “Não adianta só criar políticas de inovação: o país precisa de um PAC humano e de um sistema educacional que não limite a criatividade dos alunos”, pondera.
Com o apoio da Unisul, da UFSC e de outras entidades, uma nova escola de ciências para o público infanto-juvenil brasileiro e um conglomerado voltado às neurociências devem ser instalados no estado, por motivos estratégicos. “Santa Catarina tem toda a estrutura para se transformar num pólo de neurociências e alavancar o crescimento econômico de seu entorno”, acrescentou o professor. “Se houver um casamento entre o projeto científico e tecnológico com o educacional, o efeito multiplicador será fantástico”.
Por Heloísa Dallanhol/ Assessoria de Comunicação da Fapesc