“Pneumonia” de aves e suínos sob a mira da UFSC
Evitar a perda de peso e até a morte de porcos, frangos e outros animais criados no estado é a primeira aplicação possível de uma pesquisa básica conduzida pela Rede Proteoma de Santa Catarina (RPSC). Seu objetivo é estudar duas bactérias capazes de matar aves e suínos em fazendas catarinenses por causa de algo comparável a uma pneumonia, se o diagnóstico não for precoce.
“As infecções por Mycoplasma hyopneumoniae e M. sinoviae são difíceis de detectar. Quando aparecem os sintomas, o animal seguramente transmitiu os microrganismos aos seus vizinhos”, diz o Prof. Hernán Terenzi, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina.
A UFSC vai receber o primeiro espectrômetro de massa destinado a identificar macromoléculas em Santa Catarina, a começar pelas cerca de 2 mil proteínas existentes em cada uma daquelas bactérias. O equipamento custa quase R$1 milhão e será disponibilizado para outras instituições envolvidas na pesquisa: Furb (Universidade Regional de Blumenau), Univali (Universidade do Vale do Itajaí), Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural) e Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina). “Hoje elas dependem dos aparelhos instalados no Paraná ou no Rio Grande do Sul”, pondera o professor, lembrando que o espectrômetro de massa, bem como outros aparelhos e insumos necessários à investigação, serão financiados pela Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina) e Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
A UFSC vai complementar as verbas para construir um prédio que permita a ampliação do Centro de Biologia Molecular Estrutural, hoje espremido em 180 m2. Neste espaço trabalham até 25 pessoas, entre bolsistas de iniciação científica e alunos de pós-graduação orientados por dois pesquisadores, sendo um deles o Prof. Terenzi, coordenador do Centro.
Descoberta – No total há 8 laboratórios espalhados pelo território catarinense e que compõem a RPSC, parte integrante da Rede Integrada de Estudos Genômicos e Proteômicos. Como o nome indica, a rede nacional abarca duas áreas. A primeira se refere ao estudo dos genes, ou seja, das estruturas químicas que determinam as características físicas de um indivíduo – no caso do ser humano, a cor dos olhos e a altura, por exemplo. A descoberta de que o homem tem apenas 30 mil e poucos genes, ao invés dos 100 mil previstos antes da conclusão do Projeto Genoma, reforçou a idéia de que contribuições ainda maiores para a Medicina serão obtidas no campo do Proteoma (conteúdo de proteínas de um organismo). “São elas que de fato fazem as células funcionarem”, declarou Julio Celis, do Centro Dinamarquês para Pesquisa do Genoma Humano, em artigo publicado na revista Lancet.
Contudo, o trabalho requerido dos pesquisadores dedicados à Proteômica é ainda mais complexo do que aquele feito pelos colegas da Genômica.“Toda célula de um animal tem o mesmo genoma, mas seu proteoma é completamente diferente porque varia conforme a função da célula”, explica Terenzi. Sabendo deste desafio, ele e seus colegas optaram por focar nas duas bactérias unicelulares cujo genoma foi seqüenciado no Brasil. Também contou a importância que o projeto teria para economia de Santa Catarina, baseada no agronegócio e na exportação de carne.
“A metodologia usada pode ter aplicações diversas, a longo prazo – para identificar as proteínas de uma planta terapêutica, por exemplo”, conclui Terenzi, que pertence ao Departamento de Bioquímica da UFSC. Sua formação inclui graduação em Farmácia Industrial, mestrado e doutorado em Bioquímica, além de estágio de pós-doutoramento no Instituto Pasteur (França).
Para entrar em contato com Hernán Terenzi, ligue para 48 3721 6919
ou envie e-mail para hterenzi@ccb.ufsc.br.
Por Heloísa Dallanhol/ Assessoria de Comunicação da Fapesc