Remédios naturais e alopáticos coexistem entre os Guarani de Santa Catarina
Índios residentes em Palhoça estão usando, ao mesmo tempo, ervas da própria aldeia e remédios de farmácia. Para certos problemas de saúde, é mais fácil dar gotinhas de dipirona aos doentes do que ir buscar plantas no mato para fazer chás, segundo uma mulher Guarani consultada para um estudo feito na UFSC e apresentado hoje (25) no Seminário de Avaliação Final do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS).
O evento transcorre até as 18h de quinta-feira por iniciativa da Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina). Ele é aberto ao público e acontece no sexto andar do prédio do Celta (Km 1 da SC 401).
O trabalho bancado pelo PPSUS concluiu que a alopatia serve de complemento para “remédios do mato” e orações feitas na “casa de reza” da Aldeia Guarani de Morro dos Cavalos, a 40 quilômetros de Florianópolis. A pesquisa de campo conduzida por quase três anos encerrou neste mês de junho, mas resultados preliminares já foram divulgados no ano passado, durante o Congresso Brasileiro sobre Uso Racional de Medicamentos e a VI Semana de Pesquisa e Extensão da UFSC. Em 2009 a Universidade sediará a defesa da dissertação de mestrado resultante do estudo, por parte da aluna do Curso de Pós-Graduação em Farmácia, Francielly Grassi.
Ela foi orientada pela Professora Eliana E. Diehl, que descreve o Seminário de Avaliação Final como “uma boa oportunidade para nossos pós-graduandos exporem o trabalho financiado com recursos públicos”. Este projeto se insere numa investigação científica mais ampla que envolve os Xokleng e os Kaingang de Santa Catarina. Conhecer a realidade dos índios é essencial para melhorar o atendimento públicos a suas comunidades, conforme a Professora.
Auto-medicação
Apesar da existência de um posto de saúde na terra Guarani – que distribui gratuitamente certos remédios – alguns dos seus residentes compram fora o que julgam precisar como medicação. Por vezes a sugestão é feita por um vizinho ou parente.
Francielly acrescenta que os índios crêem na eficácia de contraceptivos e vacinas, mas em vez de médicos, consultam o “curandeiro” da tribo antes de combinar a medicina ocidental com tratamentos indígenas.“Para o Guarani, a avaliação do pajé é fundamental. É ele que vai decidir se determinada doença pode ser curada somente com práticas convencionais, que incluem plantas, massagens e restrições na dieta”, completa a farmacêutica.
Para saber mais sobre o PPSUS, ligue para Fernanda B. Antoniolli no 3215-1218 ou acesse as reportagens do Programa de Jornalismo Científico no site www.fapesc.sc.gov.br
Por Heloisa Dallanhol/Jornalismo Científico da Fapesc