Psicólogo propõe novo modelo de prevenção às drogas
O terceiro dia (25/06, quarta-feira) da programação da III Mostra Nacional de Prevenção nas Escolas foi marcado por 14 eventos acontecendo paralelamente nos diversos ambientes do Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina. Enquanto alunos de Santana do Livramento (RS) apresentavam a peça “Quando me Amei de Verdade”, com produção e direção dos próprios jovens, na sala Lantana, no segundo andar do prédio o professor e psicólogo da USP Marcelo Sodeli falava de “Ações Redutoras de Vulnerabilidades”. Segundo ele, na prevenção do HIV não se pode esquecer que as pessoas envolvidas com as drogas estão buscando, também, algum tipo de lazer.
Para Sodeli, as campanhas que estão acontecendo nas escolas e que distribuem camisinhas e orientam a não dividir seringas não levam em consideração a questão do prazer e o risco que a prática oferece. Esses modelos de campanhas, na sua opinião, são proibitivos. Para defender este ponto de vista, o professor compara a sua tese com a própria vida. “Diariamente encaramos riscos, saindo de casa para o trabalho e para a escola, e mesmo assim não deixamos de enfrentá-los”, afirmou. Ter a informação sobre as drogas é um princípio básico, mas as pessoas devem ser levadas a pensar que efeito essas informações vão causar em suas vidas. Por isso, destacou, os modelos de campanha que distribuem camisinhas não são eficientes.
Na vida real, reforça o professor Sodeli, as pessoas vivem correndo riscos, de atravessar uma rua fora da faixa até dirigir embriagadas. “Por isso é importante encontrarmos formas de reduzir a vulnerabilidade de cada viciado, fazendo com que ele mesmo pense nos riscos”, ressaltou. Para sustentar seu argumento, o profissional traça um paralelo com as campanhas sobre o consumo do álcool, salientando que este é um dos vícios que mais prejudicam a população no mundo todo, porque está equivocadamente relacionado à diversão.
O uso da droga, de alguma forma, afasta o jovem de sua autenticidade, que está ligada à questão escolar. A escola deveria ensinar as pessoas a fazerem suas próprias escolhas. “É por aí que passa o consumo de drogas”, alerta o professor. O homem, avalia Sodeli, procura sempre uma forma de alterar o seu ser, sua percepção das coisas no mundo. A proposta de redução de danos foi apresentada na década de 60, quando se reconheceu o homem como um ser vulnerável e que se perde de si mesmo.
Ao concluir sua palestra, o professor disse que a escola precisa trabalhar para reduzir a vulnerabilidade de cada um. “Reduzir essa vulnerabilidade é pensar numa escola em que o aluno vivencie o mundo, não apenas receba informação”, afirmou.
Por José Antônio de Sousa / Jornalista da Agecom