O hábito da doação de sangue espontânea
Vera Lúcia Paes Cavalcanti Ferreira –hematologista e hemoterapeuta do HU
As duas grandes guerras ocorridas na Europa fizeram amadurecer o espírito cívico de doar sangue, que inicialmente teve a finalidade de salvar a vida daqueles que lutavam pela pátria e, depois, transformou esse ato num hábito voluntário, adquirido até os dias atuais. Em nosso país, a quantidade total de doadores de sangue corresponde a menos de 1% da população, ao passo que nos países europeus esta porcentagem equivale a 5%.
Para que a doação sangüínea no Brasil torne-se uma prática espontânea é preciso a ação conjunta e integrada de profissionais não só da área de saúde como também dos diversos setores da sociedade, especialmente dos educadores e formadores de opinião, divulgando os critérios de doação e desmistificando os medos. Não são raras as vezes em que a manutenção da vida depende exclusivamente de uma transfusão de sangue, e para isso, é necessário que os hospitais estoquem uma certa quantidade de bolsas de sangue.
A segurança do sangue a ser transfundido em um paciente depende basicamente da escolha da população de doadores, da triagem clínica e de testes de laboratório para as pesquisas de anticorpos contra agentes transmissores de doenças como: AIDS, Hepatite B e C, doença de Chagas etc. É preciso que a população tenha clara consciência de que o ato de doar sangue é imprescindível para salvar vidas e que é absolutamente seguro para quem doa.
Para ser um doador, o individuo necessita: apresentar um documento de identidade, estar saudável, ter idade entre 18 e 65 anos, peso igual ou acima de 50 quilos, não apresentar fatores de risco, tais como: utilizar algum tipo de droga, vida sexual promíscua, etc. O doador submete-se a uma entrevista clínica, a qual constatada sua aptidão, permite que a coleta seja processada numa bolsa plástica destinada ao armazenamento de 450 ml de sangue. Amostras de sangue são coletadas para a tipagem sanguínea e os testes sorológicos com a finalidade de afastar a possibilidade de transmissão de doenças através do sangue.