Moradia, bolsas e creche são tema de debate no II Fórum de Direitos Estudantis
O direito à moradia, à creche e bolsas de estudo foi assunto discutido na mesa-redonda promovida nesta quarta (4/6), no II Fórum de Direitos Estudantis. O objetivo do evento, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), é aproximar a nova administração central dos problemas que os estudantes julgam pertinentes na universidade, e continuar debates que já estão em curso.
A mesa-redonda contou com representantes da moradia, de estudantes com filhos nas creches da UFSC, do DCE, da Associação de Pós-Graduandos (APG), do pró-reitor de assuntos estudantis, Cláudio José Amante, e da professora do departamento de História, Roselane Neckel, que atuou como representante docente na comissão de regulamentação das bolsas permanência.
O pró-reitor assegurou que a reitoria entende a importância do evento, porém é complicado, de um dia para o outro, propor soluções para todas as demandas, que requerem tempo e recursos. Cláudio Amante também enfatizou a importância da parceria entre administração e estudantes e o avanço que a bolsa permanência representa para a socialização dos benefícios destinados aos estudantes de baixa renda.
Atualmente, 832 alunos estão inscritos na PRAE para receber a bolsa permanência, mas apenas 550 são contemplados. Segundo o pró-reitor, uma das metas da atual administração é buscar recursos para os inscritos que ainda não foram beneficiados também receberem a bolsa de R$364,00. Outro aspecto citado pelo pró-reitor foi a construção de um novo prédio da moradia estudantil, o que representará 96 novas vagas.
Rodrigo Ribeiro, representante do DCE, também comentou a importância das bolsas permanência para a manutenção de estudantes carentes na universidade, principalmente por seu caráter pedagógico e acadêmico, que permite aos alunos se envolverem com atividades paralelas aos cursos e participando da vida estudantil. Sobre a importância da moradia, Ribeiro enfatizou a necessidade do acesso democrático, que hoje é inviabilizado em função do baixo número de vagas. “A falta de vagas na moradia interrompe o sonho da universidade, porque o aluno não tem onde morar”. Ele enfatizou que as ações afirmativas não devem ser restritas ao ingresso do estudante na universidade, mas se prolongar durante toda a vida acadêmica, possibilitando que esses alunos se mantenham dentro do curso.
Arlindo Rodrigues, representante da moradia estudantil, vive em um dos quatro módulos da residência estudantil há cinco anos, e durante o fórum avaliou questões levantadas pelos próprios moradores da residência. Para ele, o ponto principal referente à moradia é a ampliação e o remanejamento de moradores dos outros módulos, para “desafogar” a estrutura que já existe. Rodrigues argumenta que mais do que criar novas vagas, deve haver também uma preocupação com a qualidade de vida dos estudantes que vivem nas dependências da moradia.
O presidente da APG, João Guilherme, falou sobre as dificuldades encontradas pelos alunos que fazem pós-graduação na UFSC. Segundo João, a estrutura da universidade não está preparada para comportar esses cinco mil alunos. A principal reivindicação da APG é que sejam abertas vagas para pós-graduandos na moradia estudantil.
Roselane Neckel, representante docente na Comissão de regulamentação das bolsas, defende que “a assistência estudantil deve ser entendida como um direito, e não um favor”. A professora falou da importância desse tipo de bolsa por possibilitar que o estudante participe de atividades de pesquisa e extensão desde as primeiras fases do curso, favorecendo, assim, sua plena integração com a vida e a comunidade acadêmica. Uma ferramenta como a bolsa permanência, no entanto, deve ser sempre revista e discutida com muita atenção, já que, segundo a professora, “é uma luta que precisa continuar, pois nunca está ganha”.
Confira aqui a programação do II Fórum de direitos estudantis, que vai até sexta, no auditório do Centro de Convivência.
Mais informações na página do DCE.
Por Gabriela Bazzo/bolsista de jornalismo na UFSC