James Petch fala sobre industrialização da educação a distância na UFSC

James Petch
O professor James Petch se aposentou este ano na Universidade de Manchester, Inglaterra, onde continua como Honorary Fellow (membro honorário). Assumiu, também, a direção da Telaman, uma pequena companhia que desenvolve ferramentas e materiais de e-learning (termo surgido como fruto de uma combinação entre o ensino com o auxílio da tecnologia e a educação a distância, de forma convergente, para uma educação on-line).
À Agecom, Petch contou que a aposentadoria tem sido um tempo de reflexões sobre o que se passou nos últimos 10 a 15 anos nas áreas de educação e tecnologia. Como foram as previsões e o que realmente aconteceu. Os pesquisadores acreditavam que, com a introdução de tecnologia, haveria uma nova revolução industrial em educação. Mas como a tecnologia mudou as organizações e os produtos?
O processo de mudança ocasionado pela tecnologia nas organizações aconteceu muito mais lentamente que o previsto. Isto é, foi realmente necessário muito tempo para que se produzisse impacto. O mesmo aconteceu com a educação: as pessoas estão fazendo as mesmas coisas, só que usando computador.
Indagado pela Agecom se não acreditava que houve mudança no campo da comunicação, o professor Petch confirmou que sim, houve uma grande mudança neste campo, e, também, no acesso e democratização do conhecimento.
O que não mudou é o processo de como fazer educação. Como no início da indústria em que se agia do mesmo modo, só que usando eletricidade. Mudou o produto, mas permanecem os mesmo papéis e a mesma estrutura.
Para Petch este é o grande “conundrum” (um quebra-cabeça a ser resolvido onde duas coisas são aparentemente incompatíveis tendo apenas uma resposta conjectural). Neste caso a educação tradicional X a educação com suporte técnico. Para o pesquisador as universidades são as mais difíceis organizações para mudar.
É um pouco cínico, afirma Jim Petch, mas as universidades são fundadas em três mitos em que os professores acreditam:
1) Temos a custódia do conhecimento ( o que não é verdade)
2) Somos os experts número um nos assuntos ( mas não somos)
3) Estudantes fazem o que dizemos a eles ( mas não é verdade)
Agora a tecnologia destruiu esses mitos. Nosso conundrum é:
– Qual o nosso papel?, – Qual a relação que devemos estabelecer com os estudantes?- O que devemos produzir?
E, certamente, a resposta é: não devemos agir como no passado. Depois de mais de 15 anos as tecnologias nos trouxeram este problema para resolver ou as universidades, como as entendemos, vão desaparecer.
As questões fundamentais são: O que significa ser professor? Por que devemos fazer curso de graduação? Nós temos que resolver esses problemas não só o e-learning. A educação com suporte tecnológico mudou não só a aprendizagem mas o ensino. Como lidar com estas mudanças?
Saiba mais:
Sobre James Petch
Jim foi o chefe da equipe Distibuted Learning (DL) responsável por chefiar e coordenar as atividades e aconselhar a universidade de Manchester em políticas e estratégias de DL. Foi co-diretor do Centro de Pesquisa UKeU, um joint venture com a Universidade de Southampton e o UKeU. O centro desenvolve pesquisas para os aspectos pedagógicos e os processos do e-learning.

Walter Iriondo - fotos Jones Bastos/ Agecom
Atualmente os empregadores buscam trabalhadores com altas habilidades cognitivas, capazes de estudar de forma autônoma, com capacidade de reflexão, pensamento crítico e grande capacidade de resolver problemas. Nas universidades como desenvolver estas habilidades quando o estudante está cursando um curso de graduação a distância? É este o foco da tese de doutorado de Walter Otero.
Contatos:
James Petch: jim.petch@manchester.ac.uk
Walter Iriondo: wiriondo@gmail.com
Por Alita Diana/jornalista da Agecom