Estudo com células-tronco pode melhorar tratamento oferecido pelo SUS
Portadores de leucemia e de doenças auto-imunes estão entre os possíveis beneficiários de uma pesquisa feita na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com ele, os pacientes terão maior chance de sucesso nos transplantes de medula óssea, os quais terão custo menor que o praticado atualmente. “Pretendemos também diminuir o tempo de procura de doadores compatíveis através da presença de um banco de células-tronco hematopoéticas (ligadas à geração dos diversos constituintes do sangue)”, diz o Prof. Márcio Alvarez da Silva, do Centro de Ciências Biológicas da UFSC.
Ele coordena o estudo, financiado com R$ 100 mil do Programa Pesquisa para o SUS – voltado a oferecer soluções para muitos males que afligem a população catarinense. O Lúpus Eritematoso Sistêmico é um deles. “É uma doença auto-imune bastante comum em Santa Catarina, sendo que em cada 10 pessoas afetadas, oito são mulheres e dois são homens”, salienta o Prof. Marcio. A enfermidade pode ser combatida com os recursos repassados pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC). Eles serão igualmente úteis no tratamento da leucemia (câncer que compromete o desenvolvimento dos glóbulos brancos). Este tipo de linfoma matou 4.460 crianças e adultos brasileiros em 2007, segundo o Instituto Nacional de Câncer.
Atualmente há no país pelo menos 1.500 pacientes com leucemia e imunodeficiências que precisam de transplantes de medula óssea, mas não têm doadores compatíveis. Na falta destes doadores, surge uma alternativa: o uso de células-tronco hematopoéticas obtidas da placenta e do cordão umbilical, geralmente descartadas como lixo hospitalar. Para utilizá-las em prol da ciência, pesquisadores consultam gestantes no Hospital Universitário. Uma vez assinado o Termo de Consentimento e feito o parto, o emprego deste material pode reduzir em até 50% os índices de rejeição verificados em transplantes com células de doadores adultos.
Entretanto, há uma baixa quantidade de células tronco hematopoéticas no sangue do cordão umbilical. “Isso cria uma limitação muito grande, mas criamos um sistema de amplificação capaz de dobrar ou mesmo triplicar a quantidade delas”, pondera o Prof. Márcio. ”Acreditamos que rapidamente possamos estabelecer os métodos necessários para sua inclusão direta no Sistema Único de Saúde. Temos feito contatos junto ao HEMOSC neste sentido, inclusive com a proposta de orientar os profissionais que trabalham na rotina clínica.”
Também há perspectivas de envolver nos trabalhos a Maternidade Carmela Dutra, uma das mais tradicionais de Florianópolis, onde o número de partos é superior aos realizados no HU. Isso e o aporte de verbas adicionais para a pesquisa permitiriam implantar o sistema em larga escala. “Em pequena escala já conseguimos”, comemora o professor.
O estudo rendeu 10 publicações, quatro delas no Simpósio Internacional em Terapias Avançadas e Células Troco – realizado no Rio de Janeiro – e uma em outro evento internacional promovido no Canadá.
Este e outros 34 projetos serão avaliados num seminário a ser realizado entre 24 e 26 de junho na Fapesc. O evento é aberto ao público. A população também pode conhecer as conclusões dos estudos financiados pelo PPSUS na série de reportagens produzidas pelo programa de Jornalismo Científico da Fundação e veiculadas no site www.fapesc.sc.gov.br.
Para saber mais sobre o seminário, entre em contato com a coordenadora de projetos Fernanda B. Antoniolli no 3215-1218 ou com Prof. Miguel Pelandré Perez pelo e-mail miguel@fapesc.sc.gov.br. Se seu interesse recai sobre a pesquisa sobre células-tronco hematopoéticas, fale com o Prof. Márcio Alvarez da Silva pelo e-mail malvarez@ccb.ufsc.br.
Por Heloisa Dallanhol/Jornalismo Científico da Fapesc
Com colaboração de Arley Reis/Jornalista na Agecom