Sucesso dos transplantes também depende de mudança de postura dos médicos
O coordenador da SC Transplantes, médico Joel Andrade, disse que o sucesso nessa área depende muito mais da mudança da postura dos médicos em relação ao tratamento do possível doador e seus familiares do que da possibilidade de convencer os parentes dos doadores com quadro de morte encefálica. A afirmação foi feita durante palestra proferida na 6ª Jornada Científica do Hospital Universitário, que terminou quarta-feira, dia 28, na UFSC.
Segundo Andrade, os profissionais de medicina ainda não se deram conta da importância de captar doadores com morte cerebral, mas que têm os demais órgãos ainda em funcionamento. É possível, segundo ele, utilizar vários órgãos para que outras pessoas melhorem a qualidade ou ampliem a expectativa de vida.
Em 2007, as doações de rins em SC superaram a demanda, fazendo com que muitas pessoas deixassem as máquinas de hemodiálise. Para este ano, a SC Transplantes tem como meta 100 doadores. Como o custo de uma operação desse porte é muito alto, mais de 60 % dos transplantes no Brasil são pagos pelo Sistema Único de Saúde.
Santa Catarina, que em 2006 apresentou um percentual de 15 doações por milhão de habitantes contra sete na média nacional, adotou um sistema de listas únicas de receptores de órgãos e tecidos, nos processos de captação e distribuição. A entidade também criou políticas de transplantes para o Estado, com a finalidade de evitar fraudes ou mesmo privilegiar grupos sociais.
Joel Andrade salientou que o Estado, cuja média de doações não chega à metade dos padrões europeus, foi um dos pioneiros na regulamentação dos Transplantes, através das normas do Sistema Nacional de Transplantes e Ministério da Saúde. “A implementação e aplicação das listas únicas de receptores possibilita o respeito aos critérios de compatibilidade, urgência e tempo de espera para que órgãos e tecidos sejam destinados aos receptores ideais”, observa.
A SC Transplantes – Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina foi criada pelo Decreto Estadual nº 553/1999 de 21 de setembro de 1999, credenciada pelo Ministério da Saúde em 27 de outubro de 1999 e inaugurada em 16 de dezembro do mesmo anol. Atualmente é uma gerência da Superintendência de Serviços Especiais e Regulação da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina e funciona como agência executiva do Sistema Nacional de Transplantes, coordenando as atividades de transplante no Estado e centralizando todas as ações que envolvam captações e transplantes.
Por José Antônio de Souza/jornalista na Agecom