Escritor Manoel Ricardo de Lima é o convidado do Círculo de Leitura
O escritor Manoel Ricardo de Lima, professor substituto de Literatura Portuguesa da Universidade Federal de Santa Catarina, participa nesta quinta-feira, dia 3, do Círculo de Leitura, evento mensal promovido pela Editora da UFSC para discutir o livro e a leitura. O convidado também fez doutorado em Teoria da Literatura, na área de Textualidades Contemporâneas, a partir da obra dos autores portugueses Joaquim Cardoso e Rio Belo. O Círculo de Leitura acontece no Espaço Cruz e Sousa da EdUFSC, no campus da Universidade, às 17h.
Nascido em Parnaíba, no Piauí, em 1970, Manoel Ricardo de Lima também já lecionou Literatura e Semiótica na Universidade de Fortaleza (Unifor) e tem por hábito colaborar com publicações culturais e literárias no País e exterior, entre elas as revistas Cult, Grumo, Jandira, Germina, Modo de Usar & Co., Circumference (EUA), Quimera (Espanha), Infos Brèsil (França) e Review (EUA). Manteve, durante 10 anos, uma coluna de crítica cultural no jornal O Povo, de Fortaleza, e hoje colabora com o Diário Catarinense, o Diário do Nordeste (Fortaleza), o Correio Brasiliense e o Jornal do Brasil.
Publicou os livros “Embrulho” (2000), “Falas inacabadas – Objetos e um poema”, com o artista visual Elida Tessler (2000), “Entre percurso e vanguarda – Alguma poesia de P. Leminski” (2002), “As mãos” (2003), “Outra manhã”, com Anibal Cristobo e Eduardo Frota (2006), e uma edição bilíngüe de “As mãos – The hands”, com tradução de Sérgio Bessa (2007).
A intensa atividade cultural de Manoel Ricardo inclui ainda a participação no comitê editorial da revista de poesia Inimigo Rumor (Cosac Naify/7Letras, SP/RJ) e da revista Ficções (7Letras). Já foi editor da publicação Sibila (Ateliê Editorial), juntamente com Régis Bonvicino, e fez parte do conselho editorial da revista Oroboro (PR). Também coordena a coleção Móbile de mini-ensaios para a Lumme Editor, de São Paulo, e é coordenador editorial da Editora da Casa, de Florianópolis.
PAPO SOBRE LEITURA
O Círculo de Leitura é um programa da UFSC que permite ao convidado e aos presentes discutirem informalmente sobre os livros que estejam lendo, sobre as leituras do passado e as influências de outros autores sobre o seu trabalho. Escritores e jornalistas como Oldemar Olsen Jr., Fábio Bruggemann, Inês Mafra, Mário Pereira, Maicon Tenfen, Cleber Teixeira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Renato Tapado, Raimundo Caruso, Nei Duclós e Rodrigo de Haro estão na lista dos participantes das etapas anteriores do projeto.
BREVE ENTREVISTA
O que está lendo no momento e quais são seus gêneros e autores prediletos?
Manoel Ricardo – Eu sempre leio muitas coisas ao mesmo tempo, e gosto de ler e reler livros de poemas. Agora estou relendo alguns textos de Giorgio Agamben, com mais calma, e também revisitando Goethe em seu Viagem à Itália, por causa de suas conversas sobre arte com Hackert, um interessante pintor de paisagens.
Que leituras marcaram sua vida e de que forma elas influenciaram sua decisão de seguir as carreiras acadêmica e literária?
Manoel Ricardo – A minha primeira leitura, de fato, foi um convívio silencioso em casa. Não tínhamos livros, mas meu pai lia muito jornais e revistas de notícia. Assim, tinha um hábito de ir à banca de revistas, e eu ia muito com ele. Minhas primeiras leituras foram revistas em quadrinhos, tanto que ainda as coleciono até hoje. Depois, saltei para coisas de ficção científica, aventura, histórias de western. Não demorei muito a gostar de filosofia e literatura, mais propriamente. Daí, não tinha outra opção, tinha que escolher trabalhar com algo muito perto disso mesmo.
Como professor na área da literatura, como vê o nível de leitura dos jovens que chegam à Universidade?
Manoel Ricardo – O cenário é cada vez pior, e muito desastroso. O livro é um objeto aparentemente estranho para eles – não sabem nem segurá-lo, abri-lo, lê-lo. Mas há também uns, uma minoria, alunos singulares, que ainda mantêm a nossa possibilidade de espera como potência afetiva para a leitura.
Como vê a consolidação de novas formas e suportes de leitura, e de que forma isso pode aumentar o acesso ao conhecimento e à própria leitura como fonte de prazer?
Manoel Ricardo – Tudo o que é feito para provocar um encontro com o texto, com a leitura, eu acho absolutamente pertinente, válido, interessante. Não vejo como uma solução, ou como o fim do livro tão prenunciado, mas como um gesto, uma política, que pode gerar um movimento em direção ao prazer de ler.
Como vê a produção das novas gerações de escritores e a literatura difundida via internet? Isso de alguma maneira abalará a primazia do livro e, em caso positivo, em quanto tempo isso efetivamente acontecerá?
Manoel Ricardo – Não creio que isso acontecerá. A internet só dá a ver o que antes se fazia numa demora, via papel, via cartas, revistas, jornais etc. Por isso pode parecer apavorante o tamanho da empreitada, porque, como ela dá acesso fácil e rápido, as coisas vêm com mais rapidez – mas não com tanta força. Há uma diluição agressiva, também, claro que há. E teimo que o livro continua sendo um objeto mais amoroso, mais tenso e muito mais provocador. Mas não sei dizer o quanto há de primazia no livro nem o quanto isso pode ser abalado pelos usos da infovia.
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Contatos com o professor e escritor Manoel Ricardo de Lima podem ser feitos por meio do telefone (48) 3337-6926 e do e-mail manoelrl@uol.com.br
Paulo Clóvis Schmitz/Jornalista da Agecom