Galeria de Arte da UFSC mostra ´Diálogos Gravados`, com gravuras de Arlete Santarosa e Lana Lanna

31/03/2008 10:43

Abre nesta terça-feira, dia 1º de abril, na Galeria de Arte da UFSC, a exposição “Diálogos Gravados”, com xilogravuras e gravuras em metal das premiadas artistas gaúchas Arlete Santarosa e Lana Lanna. As gravadoras estarão presentes na abertura do evento para o “Encontro com o Artista”, ocasião em que falarão sobre o processo criativo das suas obras e das suas trajetórias, num bate-papo aberto a artistas, estudantes, professores e público em geral. O Encontro com o Artista é uma atividade da Galeria em parceria com o Arte na Escola – Pólo UFSC, aberto a professores, estudiosos de arte e demais interessados. A atividade é gratuita e aberta à comunidade. A Galeria de Arte da UFSC faz parte do Departamento Artístico Cultural, vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina.

Sobre a proposta de diálogos gravados IV – Água Corrente

Para esta Conexão Dual, as artistas apresentam o projeto Diálogos Gravados IV que tem como título Água Corrente. Arlete Santarosa e Lana Lanna vêm desenvolvendo, desde 2006, a parceria “Conexão Dual” que resultou numa série de trabalhos inovadores na área da gravura. O projeto intitulado “Diálogos Gravados” foi construído a partir do conceito da individualidade, onde cada pessoa é única e cada cabeça é um mundo. São as mesmas diferenças origem ou do seu papel social.

Com o título “Água Corrente”, a exemplo das três séries anteriores, esta quarta etapa segue utilizando a troca permanente da xilogravura com a gravura em metal. Apesar das duas técnicas se assemelharem, algumas indagações foram surgindo ao longo deste tempo, além dos questionamentos formais que naturalmente vão se desdobrando pelo próprio fazer. O trabalho sutil funcionou como uma corrente, cujos elos se ligam por meio dos traços da memória, das lembranças e das idéias do dia-a-dia ou então qual a água corrente de um riacho, que a cada instante toma uma forma diversa, conforme avança no seu percurso.

A passagem do tempo, a repetição de elementos de forte carga simbólica e o contraste entre as formas geométricas, abstratas e figurativas começaram a fazer parte deste universo. As imagens fugiram da tradição da gravura clássica, dando conta das várias possibilidades técnicas da impressão a partir de uma matriz de madeira e de metal. Elas foram carregando sentimentos diversos como humor, tristeza, alegria, euforia, diversão, etc.. Nesta simbiose, é a montanha que se transforma em cipreste, que por sua vez se converte em triângulo, que desponta num balão ou numa mancha, criando cenários enigmáticos e integrados. A figura humana aparece com poucas exceções. A seqüência está sempre servindo de estímulo, de pretexto para a evolução da poética visual de cada artista. A imagem que precisa ser lida em negativo, para só então se transformar na forma seguinte é resultado de um trabalho complexo de interação de idéias.

“Água Corrente” vem sendo desenvolvida desde o início do projeto, continua a ser realizada até hoje e poderá ser explorada “Ad Infinitum”. Nesta obra, são usadas pequenas gravuras, todas com a mesma medida de 10cm X 7cm. A seqüência, na sua totalidade, forma um friso contínuo de xilos e gravuras em metal intercaladas. Até agora foram feitas 60 gravuras que estão dispostas em 15 painéis de 0,40cm cada, totalizando a medida linear de 6 m.

Conexão Dual “Diálogos Gravados”

A intenção de estabelecer uma nova proposta na área da gravura, estimulando o pensamento, a reflexão e o debate, levou as gravadoras Arlete Santarosa e Lana Lanna a iniciarem um trabalho visando um diálogo pessoal. Como meio de expressão, as artistas aliaram as duas técnicas, a gravura em metal e a xilogravura e estabeleceram conexões entre as duas formas de trabalhar graficamente. O conjunto do trabalho é uma seqüência de imagens, com cada uma se inspirando nos pontos de contato do desafio proposto anteriormente. Estas linhas limítrofes servem como agente mediador e centro de relações. Neste diálogo adotaram como critério a qualidade intrínseca do trabalho e a capacidade de reagir aos desafios propostos constantemente no diálogo artístico. Ainda neste diálogo e em busca de imagens novas, apesar do modo particular de cada uma interpretar e se relacionar com a vida, quebraram resistências formais levando em conta o sentido e a imaginação de cada uma.

Assim, compartilhando experiências entre as duas técnicas, estabeleceram o discurso desta investigação plástica que foi centrado no conceito da IDENTIDADE, onde cada pessoa é única e cada cabeça é um mundo. As diferenças pessoais carimbam a condição humana independentes da sua origem ou do seu papel social. Deste modo, todas as expressões visuais também são únicas, sejam elas pertencentes a um erudito, a uma dona de casa ou a um agricultor. As matérias até então inertes, ao passarem pela faculdade de criar do homem, podem aparecer em diferentes formas artísticas.

Foi escolhida a palavra “DUAL” para designar a parceria estabelecida. Dual se refere a dois números que na declinação de certas línguas, como o grego e o sânscrito designam duas pessoas ou coisas. Dual também representa a soma do início da palavra dupla mais a inicial dos nomes Arlete e Lana.

Para a realização deste projeto houve a necessidade da troca permanente das gravuras, onde cada artista interpretou e elaborou a imagem que serviu como referência e ponto de partida para a continuidade da imagem seguinte. O fazer, individual e independente, ficou totalmente comprometido com o outro trabalho. Esta dependência, no transcorrer dos dias, criou alguma dificuldade no desenvolvimento do projeto.

Desta forma, os olhares opostos, emparelhados, criaram uma cumplicidade de relações entre imagem original, leitura, gravação e impressão. Uma simbiose e uma conexão de idéias, pensamento e criação. O conceito de identidade foi amplamente debatido quando da certeza de que houve uma imperiosa necessidade de se respeitar a individualidade, a exigência de se realizar o trabalho de uma forma pessoal.

Sobre as artistas

Arlete Santarosa

Natural de Bento Gonçalves, RS, vive e trabalha em Porto Alegre. Artista de destaque na xilogravura gaúcha. Participa, desde 1988, de várias exposições coletivas e realizou 10 exposições individuais, sendo duas no exterior: Utrecht (Holanda) e Aalst (Bélgica). Seu trabalho foi selecionado para participar de várias bienais e salões de gravura, dentro e fora do Brasil. Recebeu, ainda cinco prêmios, na área, entre eles o V Salão Latino-Americano de Artes Plásticas, organizado pela UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, RS . Em 2007, com uma coletânea de suas xilogravuras realizou individual a convite da UNIVATES, Universidade do Vale do Rio Taquari, RS.

Lana Lanna

Natural de Carazinho, RS, vive e trabalha em Porto Alegre. Em 1977, estudou desenho e aquarela na Colorado State University, em Fort Collins, nos Estados Unidos e participa, desde 1982, de exposições coletivas, bienais e salões de gravura. Realizou várias exposições individuais de gravura em metal, sendo selecionada, em 2004, para uma mostra no Palacete Wolf, no Centro Cultural de Curitiba, PR. Recebeu entre outros, o 1º Prêmio em Gravura – 2004 no I Certamen Internacional de Artes Plásticas “Aires de Córdoba”, Espanha.

Inscrições para exposições na UFSC

Continuam abertas até 14 de abril as inscrições para exposições na Galeria de Arte da UFSC, para o segundo semestre de 2008. Artistas plásticos de todo o Brasil e de outros países podem encaminhar propostas para exposições de Arte Contemporânea, individuais ou coletivas. O regulamento pode ser retirado na Galeria ou no site www.dac.ufsc.br, no link http://www.dac.ufsc.br/institucional_espacos_culturais_galeria_regulamento.php

A Galeria de Arte da UFSC funciona no prédio do Centro de Convivência do campus, de segunda a sexta-feira das 10 às 18h30. Faz parte do DAC – Departamento Artístico Cultural, vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UFSC.

Serviço:

O QUÊ: Abertura da exposição de gravuras “Diálogos Gravados” e Encontro com as Artistas, Arlete Santarosa e Lana Lanna.

QUANDO: Dia 1º de abril de 2008, terça-feira, às 18h30.

VISITAÇÃO: De 2 de abril a 24 de abril, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h30.

ONDE: Galeria de Arte da UFSC, prédio do Centro de Convivência, Campus Trindade.

QUANTO: Gratuito e aberto à comunidade em geral.

CONTATO: Galeria de Arte (48) 3721-9683 e galeriadearte@dac.ufsc.br – DAC: (48) 3721-9348 ou 3721-9447. Visite www.dac.ufsc.br.

Fonte: [CW] DAC-PRCE-UFSC, com material das artistas.