“Da Olivetti à Internet ” será lançado quinta (27/03), na livraria Saraiva de Florianópolis

25/03/2008 11:36

As redações de jornais passaram, nas últimas três décadas, por profundas mudanças tanto no seu modo de produção tecnológica como na política e nas técnicas do fazer jornalístico. Reunir e documentar estas transformações de forma plural, a partir da vivência de 22 jornalistas que atuam em Santa Catarina, é a proposta do livro “Da Olivetti à Internet – Política e Técnica da Notícia”, organizado por Laudelino Sardá e publicado pela Editora Unisul, com o apoio da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras – CERTI. O livro será lançado na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, em Florianópolis, nesta quinta (27/03), às 19h30min.

“Não se pode definir se as três últimas décadas eram melhores. E estamos com dificuldades de prever como será o jornalismo do amanhã. Só sabemos do risco de perdermos a dimensão do caráter, se a informação não encontrar meios capazes de intensificar e estabelecer como paradigmas os valores indispensáveis à construção de uma sociedade ainda mais humana”, adverte Laudelino Sardá em seu texto de introdução à obra, “A máquina que permitia pensar”.

Quem assina a orelha do livro é a professora Amaline Mussi, onde afirma: “Com os depoimentos desta coletânea, escreve-se em mosaico a história do jornalismo catarinense a partir de meados do século passado. Todos eles se permitem evocação e análise crítica das mais diferentes experiências e não renunciam a contextualizá-las na atualidade, de forma objetiva. Constituem, de certo modo, uma conclamação a que o jornalismo esteja inteiramente posto a serviço de seu futuro”. E complementa: “Os textos que o livro nos oferece têm alma. Este é um livro sobre o jornalismo com alma”.

O jornalista e diretor da Editora Unisul, Raimundo Caruso, relata que, desde a sua elaboração, o livro foi se constituindo numa “grata surpresa”. “Imaginado para documentar a transição tecnológica acontecida nas redações dos jornais nos últimos trinta anos, e também as mudanças nos estilos e formas de produção da informação, logo se transformou num documento social de inestimável valor”, analisa. Para ele, “Da Olivetti à Internet se constitui, igualmente, num retrato político do Brasil da década de 70, quando dominavam a ditadura militar, a censura nos jornais, a autocensura dos jornalistas, a repressão e também a resistência nas ruas e nas redações”.

Um dos traços mais singulares da obra é que os relatos não foram pautados nem sugeridos por ninguém. Cada jornalista escolheu livremente, e a seu critério, como e sobre o que escrever. “O resultado – conclui Caruso – é uma variedade de histórias e experiências sobre a profissão de repórter e fotógrafo ao longo das últimas décadas, bem como a evolução do jornalismo não só em Santa Catarina, mas também no Brasil, já que a maioria dos autores repórteres foi também correspondente dos mais importantes jornais e revistas nacionais”.

A Fundação CERTI , uma instituição tecnológica catarinense de referência no Brasil e no exterior, apoiou a edição de Da Olivetti à Internet. Na contracapa, o superintendente geral da Fundação, professor Carlos Alberto Schneider, Dr. Ing., destaca: “O livro, recomendado especialmente aos profissionais do jornalismo e aos estudantes de comunicação, é uma coletânea de depoimentos de jornalistas que, procedentes de diversas escolas e estados brasileiros, trabalharam nos últimos 30 anos em jornais, rádios, televisões e revistas de Santa Catarina”.

Os textos, a maioria redigida num estilo livre, informal e na primeira pessoa, conformam um documento essencial da comunicação brasileira moderna, abordando a transição das antigas e barulhentas redações das máquinas de escrever Olliveti às instalações contemporâneas e silenciosas dos computadores e das redes de comunicação digital. “O livro – resume Schneider – é um convite à reflexão sobre o papel do jornalismo, numa comparação inusitada entre um período em que se valorizava mais a produção e os dias atuais tomados pelo fascínio tecnológico, ocultando o lado romântico e espiritual que literalizava a visão e a compreensão do cotidiano”.

Os 22 autores e seus textos em “Da Olivetti à Internet”

– Acari Amorim, Jornalismo econômico só vê a “perversa globalização”

– Adelor Lessa, Hoje são escritas as versões do mocinho e do bandido

– Aldo Grangeiro, Numa entrevista, a fonte é essencial. Mas, duvide

– Apolinário Ternes, O exército telefonava e proibia “tal assunto”

– Celso Vicenzi, Viaja-se pelo país e todos os jornais são iguais

– Elaine Borges: “Mulher jornalista? Afinal, aonde é que nós estamos”?

– Elisabeth Karam, De volta ao jornal, a angústia: “Será que vi a cor local?”

– Gervásio Luz, Briga célebre entre a Olivetti e o computador

– Ildo Silva, Equipes mínimas e a notícia veloz

– Laudelino José Sardá, Quando a velocidade atropela a razão

– Laudelino Santos Neto, Guevara, revolução gráfica e modernização

– Lourenço Cazarré, “Não sou saudosista, mas queríamos era mudar o país”

– Luciano Bitencourt, Um mini-ensaio sobre o mal-estar no jornalismo

– Marcos A. Bedin, A investigação jornalística numa sociedade tradicional

– Mário Medaglia, Os dramas de um gaúcho editor de esportes em SC

– Mauro Meurer, Informação jornalística tornou-se descartável

– Orestes Araújo, Fotografar o cotidiano, tumultos e tragédias

– Orlando Tambosi, Panorama visto da “cozinha” de uma antiga “redaça”

– Raimundo C. Caruso, Duas entrevistas que não houve, e o que é a mídia hoje

– Raul Caldas Filho, Da gilette press ao computador

– Salim Miguel, Antes era a barulheira, hoje o tumular silêncio

– Sérgio Lopes, Censura e jornalismo depois do golpe de 1964

Mais informações com Laudelino Sardá, (48) 8427 7439.

Por Mário Xavier/Jornalista na Certi