Incidência de águas-vivas é um fenômeno natural, diz técnico da UFSC

04/01/2008 12:23

Lavar com água salgada e imediatamente após passar vinagre para eliminar as toxinas e remover todos os fragmentos de tentáculos é a recomendação de especialistas para pessoas que inadvertidamente entrarem em contato com as águas-vivas em proliferação neste verão no litoral catarinense. “Nunca se deve lavar a região afetada com água doce, e se faltar o vinagre, que possui ácido acético, a pessoa pode usar até urina, por causa do ácido úrico, para remover as toxinas da pele”, diz o técnico Jorge Freitas, da Coordenadoria de Gestão Ambiental da UFSC.

Em casos mais graves, dependendo do grau da queimadura ou se a pessoa atingida for alérgica, a recomendação é procurar um posto de saúde ou um médico para resolver o problema. Náuseas, tonturas e até dificuldades para respirar são sintomas de que o quadro é mais grave do que quando há apenas irritação e dor forte na pele. Já houve casos de óbito, porque os banhistas também podem ser atacados por uma caravela, “prima” da Velella (nome científico da água-viva) que fica no fundo e possui um tentáculo de mais de três metros de comprimento. “A caravela, mais comum no litoral do Paraná, é extremamente perigosa, ao passo que a medusa, mais conhecida entre nós, provoca apenas queimaduras”, diz Freitas.

O especialista afirma que a incidência de águas-vivas nesta época é resultado de um fenômeno natural, que junta o efeito dos ventos e correntes marítimas e o ciclo reprodutivo desses pequenos animais. “Não há o que fazer, pois este é um fenômeno sazonal”, reforça ele. Por outro lado, ele diz ter observado um aumento da quantidade de águas-vivas no litoral catarinense de três anos para cá. “É possível que tenha ocorrido um pequeno aquecimento da água, alterando o comportamento das correntes marinhas”, admite Freitas.

Animais predadores

A água-viva tem cerca de dois centímetros de diâmetro, cor azul forte e tentáculos no entorno. Pertence ao grupo de animais celenterados (parentes das anêmonas e corais) que flutuam sobre ou próximo à superfície do mar. Segundo o professor Arno Blankensteyn, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, a Velella é considerada um animal colonial, suspenso por uma câmara achatada (oval a esférica) de flutuação. Na parte central da colônia existe um gastrozoóide, que é a parte do animal ou indivíduo responsável pela alimentação da colônia. Estes animais são predadores e se alimentam de pequenos seres do plâncton e até de peixes. Para capturar suas presas utilizam células venenosas, chamadas de nematocistos, que estão presentes nestes tentáculos de caça.

Na praia seca estes animais morrem desidratados. Algumas pessoas, atraídas pela sua beleza, colocam as águas-vivas em sacos plásticos e as levam pra casa. No caminho costuma escorrer um pouco daquela água pelas pernas e imediatamente surge a queimadura, por que o líquido está cheio de células urticantes.

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Outras informações também podem ser obtidas junto ao Centro de Informações Toxicológicas (CIT) da UFSC, que mantém serviço de pronto-atendimento e tira dúvidas pelo fone 0800 643 5252.