UFSC coordena Núcleo Telessaúde de Santa Catarina

09/11/2007 15:34

A implantação do Programa de Saúde de Família (PSF) promete mudar a realidade da saúde pública no Brasil. Atualmente, 26 mil equipes atendem a cerca de 100 milhões de habitantes, em 85% dos 5.507 municípios brasileiros. Apesar da abrangência do programa, muitos desses agentes estão distantes dos grandes centros médicos, o que dificulta a comunicação com outros profissionais da área.

Para minimizar o problema, que tem provocado a desistência de pessoal no PSF, o Ministério da Saúde criou o projeto Telessaúde Brasil. O projeto prevê a implantação de núcleos de Telessaúde em nove estados: Amazonas, Ceará, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Cada núcleo estará conectado a 100 pontos instalados em Unidades Básicas de Saúde (UBS), distribuídos pelo interior dos estados, contemplando 2.700 equipes de Saúde da Família e beneficiando 11 milhões de habitantes.

Coordenado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Núcleo Telessaúde de Santa Catarina atende a 201 agentes de sete municípios e foi criado para pesquisa, desenvolvimento e aplicação de tecnologias para a área, assim como para a prática do ensino, pesquisa e assistência a profissionais do PSF. Para isso, serão disponibilizados os serviços de capacitação a distância, além da criação de uma rede composta por 100 municípios, ampliada por meio das cidades que já compõem a Rede Catarinense de Telemedicina (RCTM) – totalizando 160 municípios.

A RCTM, que está atuando como motivador e ponto de partida para a implantação do Telessaúde no estado, é um projeto desenvolvido pela UFSC em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, que disponibiliza o acesso via internet a imagens, sinais e laudos médicos gerados a partir de estabelecimentos de saúde em todo o Estado.

Atividades

No mês de outubro, o núcleo iniciou atividades de capacitação sobre doenças crônicas não-transmissíveis: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM). Os cursos são oferecidos conforme a metodologia de educação a distância (EaD), voltados a diversas categorias profissionais do PSF. São disponibilizados cadernos de exercícios desenvolvidos com base nos Cadernos de Atenção Básica do Ministério da Saúde, um caso clínico sobre o tema com vídeo e fórum de discussões, nos quais as equipes de PSF podem trocar experiências.

Os integrantes do Núcleo Telessaúde de SC também se reuniram com agentes do PSF das três Unidades de Saúde de Itapema para realizar uma avaliação do andamento do projeto piloto. Foram discutidas as dificuldades enfrentadas pelos alunos, que avaliaram o conteúdo do curso e sua aplicabilidade.

O destaque da visita foi o interesse demonstrado pela comunidade para participar do programa – alunos iniciaram estudos na casa de uma das participantes, a única que possuía computador e tinha conhecimento em informática. Outro grupo de profissionais foi para uma lan house e, pagando por hora, puderam participar das atividades do curso.

“Através dessa visita foi possível avaliar que as dificuldades para a implantação do programa Telessaúde passam por motivação, infra-estrutura e tecnologia”, avalia o gerente de operações em telemedicina, e integrante do Núcleo, Harley Wagner. Segundo ele, a tecnologia envolve tanto a dificuldade de uso do computador quanto à complexidade dos softwares utilizados. Além disso, há uma dificuldade em promover o acesso ao computador e internet. “Os municípios que desejam implantar o Telessaúde em larga escala por todo o município devem prover uma distribuição geográfica mínima, permitindo que todos os funcionários da área da saúde tenham acesso à internet a uma distância razoável de onde se trabalha”, conclui Wagner.

Liderança

A coordenação técnica do Núcleo Telessaúde de Santa Catarina é exercida pelos professores Aldo von Wangenheim, do Departamento de Informática e Estatística (INE) e coordenador do grupo Cyclops/ Laboratório de Telemedicina (Telemed) do Hospital Universitário (HU), Polydoro Ernani de São Thiago, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), e Luiz Felipe de Souza Nobre, também do CCS, e coordenador de telemedicina da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC).

Por Cora Ribeiro/Bolsista de Jornalismo do Nucom (CTC)