O Teatro Legislativo de Augusto Boal é tema de mesa-redonda na UFSC
O Núcleo de Estudos de Literatura, Oralidade e Outras Linguagens – NELOOL , do Centro de Comunicação e Expressão(CCE) da UFSC, promove uma mesa-redonda com o tema “Augusto Boal, e o Teatro Legislativo: teoria e prática”. O evento está sendo organizado por Alai Garcia Diniz, coordenadora do Núcleo, e contará com as presenças de Márcia Pompeo, professora de Artes Cênicas, da UDESC, e Cristina C. da Silva, mestranda do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da UDESC. A mesa-redonda acontece no próximo dia 13 de novembro, às 16h30min, na Sala Carlos Drummond de Andrade, térreo do Bloco B do CCE, aberta ao público.
Augusto Boal é o homem de teatro brasileiro mais respeitado e conhecido fora do país, com livros traduzidos em mais de 25 línguas. Coube a ele a criação do Teatro do Oprimido – TO, um método posto em prática em mais de 70 países. A proposta do TO é permitir que o público possa intervir na peça e dar vazão às emoções e/ou frustrações reprimidas, em um linha de pensamento semelhante a pedagogia do oprimido do educador Paulo Freire. Nascido em 1931, na Penha, subúrbio pobre do Rio de Janeiro, Boal desenvolveu uma proposta pedagógica de teatro, a partir de suas vivências e da leitura do cotidiano do subúrbio.
O Teatro do Oprimido, conforme definição de seu próprio criador, “é o teatro das classes oprimidas e de todos os oprimidos, mesmo no interior dessas classes. O TO ajuda oprimidos a identificarem suas opressões, maiores ou menores, e a lutar contra elas na medida dos seus desejos e das suas capacidades. Nós, no TO, não formamos atores, apenas desenvolvemos em todos os cidadãos com os quais trabalhamos, aquilo que eles já possuem: a linguagem teatral massacrada pela sociedade imperativa na qual vivemos – mas o TO é um método, não um instrumento de insurreição”.
Em 1992, Boal decidiu entrar para a política e conseguiu eleger-se vereador pelo PT, do Rio de Janeiro. Nesta época criou o Teatro Legislativo, objeto de discussão da mesa-redonda organizada pelo NELOOL.
Trata-se de uma experiência sócio-cultural, usando uma técnica que consiste na apresentação de peças de Teatro Fórum, montadas por grupos populares sobre os problemas cotidianos da população.
A partir das intervenções realizadas pela platéia são produzidos relatórios para posterior análise e, com base nos dados, formuladas novas leis. Durante os quatro anos de mandato (1992-1996), usando a técnica do Teatro Legislativo, Boal elaborou 30 projetos, dos quais 14 tornaram-se leis municipais.
Por Mara Cloraci/jornalista da Agecom