Livro que propõe modelo para a TV digital será lançado nesta quinta-feira
Antever a revolução que a implantação da TV digital provocará no Brasil é um grande desafio para quem não é do ramo, porque implica em compreender, antes da chegada dessa tecnologia, o que mudará no relacionamento entre emissoras e telespectadores. A relação passiva e unilateral em vigor dará lugar a uma interatividade jamais imaginada pelos que inventaram o formato tradicional ou acompanharam a consolidação da televisão como é hoje conhecida. E a estréia do modelo digital tem data marcada: dia 2 de dezembro de 2007, com a primeira transmissão HDTV (Televisão de Alta Definição), na cidade de São Paulo.
Boa parte das dúvidas, relacionadas tanto à tecnologia quanto aos tipos de programas a serem disponibilizados, poderá ser dirimida com a leitura de “TV Digital e Produção Interativa – A Comunidade Manda Notícias”, de Fernando Crocomo, que a editora da UFSC vai lançar no dia 22 de novembro, quinta-feira, às 19h30, na Pizzaria San Francesco (avenida Hercílio Luz, 1131), em Florianópolis.
Ao contrário da TV aberta, que utiliza canais analógicos com largura de banda de 6 MHz, no modelo digital a transmissão de áudio e vídeo é feita através de sinais codificados que permitem um uso mais eficiente do espectro eletromagnético, por conta do aumento da taxa de transmissão de dados na banda de freqüências disponível.
Fruto de um doutorado em Engenharia de Produção na UFSC, na área de Mídia e Conhecimento, o livro de Crocomo apresenta um modelo para produção e envio de vídeos que permite ao telespectador ou sua comunidade participarem da programação de uma emissora de TV. O modelo faz uma associação entre o uso de equipamentos de alta tecnologia e a produção de conteúdo de interesse da comunidade. Também aborda a capacitação técnica e novas formas de expressão comunitárias, que podem ser aproveitadas quando a TV digital efetivamente estiver ao alcance da maioria – o que não acontecerá tão cedo.
Fernando Crocomo diz que o livro foi motivado por estudos sobre a implantação da TV digital por transmissão terrestre no Brasil. O tempo, contudo, é de mais perguntas do que de certezas. “Antes que todos os avanços nos peguem de surpresa, antes que cheguem às nossas casas com pacotes de programação prontos e com um mosaico de opções de compra de serviços e mercadorias, procura-se demonstrar o que pode ser considerado mais importante, que é: como as comunidades poderão participar dessa nova tecnologia, como a vida dessas pessoas poderá ser mostrada na tela da TV e como a participação poderá resultar em inclusão digital”.
A grande questão que permeia o livro de Crocomo é a interatividade. De um lado, com novos recursos à mão, o telespectador poderá, usando controle remoto ou teclado, selecionar filmes para serem vistos em casa, acessar e-mail e chat on-line, arquivar notícias, séries e novelas e comprar o que quiser, sem sair de casa. De outro, poderá gerar conteúdo para ser visto por outros telespectadores, desde que ele seja aceito e esteja enquadrado às exigências técnicas do exibidor. Hoje, de alguma forma, a interatividade se dá por meio de enquetes, cartas e e-mails enviados às emissoras, além de votações e perguntas encaminhadas durante a programação.
No final do livro, o autor demonstra otimismo com as perspectivas trazidas pela TV digital: “Como as emissoras de TV têm um controle do conteúdo ligado à necessidade de audiência – principalmente as emissoras comerciais –, essa participação comunitária certamente só vai se consolidar quando se transformar em diferencial competitivo. Acredito que o processo de inclusão digital – bem como o acesso às novas tecnologias e o conhecimento de suas utilidades – pode levar as pessoas a buscarem uma programação participativa. É preciso entender a lógica da futura TV para garantir participação e conteúdo de qualidade. O momento é ideal para a discussão dessa participação comunitária com o aproveitamento das inovações tecnológicas. O modelo aqui proposto e testado permite essa participação com a internet. Com a TVDI, pode democratizar ainda mais essa participação”.
Fernando Antonio Crocomo é jornalista, mestre em Mídia e Conhecimento e doutor em Engenharia de Produção. Professor-adjunto de telejornalismo no curso de Jornalismo na UFSC, ele já trabalhou nos jornais Diário do Povo (Campinas/SP), O Estado (Florianópolis), Jornal de Santa Catarina (Blumenau), além da RBS TV e TV Barriga Verde. Sub-chefe do Departamento de Jornalismo da Universidade Federal, também foi supervisor do Laboratório de Telejornalismo e coordenador do Núcleo de TV Digital Interativa.
Contatos com o autor podem ser feitos pelos fones (48) 3222-1122 e 9922-3162 ou pelo e-mail crocomo@cce.ufsc.br. O telefone da Editora da UFSC é (48) 3721-9408.
TV Digital e Produção Interativa: a Comunidade Manda Notícias
Fernando Crocomo
EdUFSC – 2007
178 p. – R$ 30,00