HU: manter o que vai bem, mudar o que precisa

05/11/2007 11:30

Nildo Ouriques e Maurício Pereima

Há três questões indiscutíveis a respeito do Hospital Universitário da UFSC. A primeira é que ele cresceu na adversidade. A segunda é que, para crescer mais, ampliar os serviços e continuar a atender a população, ele precisa mudar. Por fim, é preciso manter, estimular e valorizar o que alcançou nível de excelência, caso do plano HU 2012, que confirma a Importância do planejamento estratégico com instrumento de gestão.

O HU atualmente é o espaço de legitimação social da Universidade Federal na sociedade catarinense, tanto na condição de hospital-escola quanto na de referência em atendimentos em todos os níveis de complexidade.

O hospital é também uma importante fonte de arrecadação através do Sistema de Informações Ambulatoriais-Sistema Único de Saúde (SIA–SUS) e tem acesso a verbas e programas específicos do governo federal destinados exclusivamente para os Hospitais Universitários. Tem, portanto, as ferramentas para a promoção da saúde e para o desenvolvimento do conhecimento, com assistência à população, ensino qualificado e pesquisa científica, que caracterizam o HU como um Centro de Excelência no atendimento à saúde.

O próximo reitor da UFSC, porém, precisa ter posição clara e postura firme em relação a três questões. A primeira é a de descartar a proposta de criação de Fundações Estatais, que, se de direito privado, deixam a futuras gestões a possibilidade de viabilizar dois tipos de atenção à saúde – do SUS e de medicina privada. Outra questão é a falta crônica de funcionários, que inviabiliza a ampliação dos serviços e sobrecarrega os trabalhadores do hospital. Eles também precisam lidar, no dia a dia, com a carência de equipamentos e materiais e até com a falta de segurança no que diz respeito à sua integridade física.

É preciso reconhecer que o HU recebe recursos do governo federal por múltiplas fontes, mas é igualmente salutar perceber a necessidade de introdução de uma nova cultura administrativa. O HU só tem a ganhar se, mantidas as conquistas que o situam como referência no Estado, introduzir mudanças que valorizem os técnicos e docentes que lá atuam e, como conseqüência, aprimorem os serviços prestados à população.

Para isto muitos desafios estão postos e precisam continuar sendo perseguidos e aprimorados. O próprio plano HU 2012 lista, em 57 itens, pontos fracos e desafios a serem superados. Destacamos os seguintes:

.A manutenção do HU como público e totalmente gratuito voltado para as necessidades de saúde da população e do SUS..A criação e abertura de novos serviços de alta complexidade, que, por suas características e como o próprio nome diz, têm num centro de ensino e pesquisa o local mais apropriado para seu desenvolvimento.

.Integração com as Unidades Locais de Saúde e os Hospitais Públicos da Rede Estadual de forma a otimizar recursos, integrar serviços e evitar o desenvolvimento de ações paralelas, criando um abrangente Complexo de Ensino e Assistência.

.A integração do HU à rede básica de atenção com a criação de um sistema de referência e contra-referência efetivo que agilize a realização de exames complementares, consultas especializadas, tratamento de média e alta complexidade sem a burocracia das Centrais de Marcação de Consultas.

.Incremento de parcerias com associações, programas e projetos governamentais, e também com organizações não governamentais, para aumentar o fluxo de recursos para obras físicas e equipamentos.

O Hospital Universitário, com seus recém-completados 25 anos, é jovem, filho de uma instituição que está chegando à maturidade como uma das dez melhores Universidades do País. Tem o perfil e o compromisso social de prestar atenção à saúde pública e gratuita, de qualidade e humanizada em todos os níveis de atenção, da básica à alta complexidade; tem um corpo de funcionários competente e comprometido, que o defende, que gosta dele e quer ver o seu crescimento até a fase adulta como um grande referencial de atenção à saúde em nosso meio. E precisa continuar crescendo.