Profissionais da UFSC se dedicam à educação inclusiva para tornar o campus acessível a todos
Profissionais de diversos centros da UFSC dedicam-se aos estudos sobre educação especial, inclusão e acessibilidade ao ensino superior. A iniciativa existe desde o final da década de 80, com a criação do Núcleo de Estudos em Educação Especial – hoje Núcleo de Investigação do Desenvolvimento Humano – e atualmente expande-se em projetos que envolvem desde a infra-estrutura do campus até a prática de esportes para deficientes físicos.
O projeto Sábado no Campus, do Centro de Desportos, é um exemplo de interação entre profissionais e deficientes em atividades esportivas. O projeto disponibiliza às pessoas portadoras de deficiência a prática e o treinamento de esportes adaptados, como atletismo e natação. Os atletas do Sábado no Campus participam de campeonatos e muitos são medalhistas regionais e nacionais.
Apesar de existirem estas iniciativas de acessibilidade nas instituições de ensino, ainda há problemas de compreensão deste termo. A psicóloga Maria Sylvia, com mestrado e doutorado em educação para deficientes mentais, constata que muitas pessoas ainda interpretam a acessibilidade apenas como reforma estrutural. Assim, ela prefere o termo inclusão, pois abrange o acesso de todas as pessoas às novas tecnologias, ao ensino, além do direito à locomoção.
Tanto para Maria Sylvia, quanto para o professor Luciano Lazzaris, do Centro de Desportos da UFSC, é a falta de informação que resulta nesta incompreensão. Para mudar esta realidade, eles afirmam que além dos projetos que garantem recursos para a universidade, é preciso investir em boletins informativos para a comunidade universitária e na capacitação dos servidores técnico-administrativos para receberem alunos deficientes. E o mais importante: a criação de um grupo de referência na UFSC, vinculado à reitoria, que pense como um todo a universidade. Assim, seriam menos disputas de interesses entre os centros.
Além de distribuir da melhor maneira possível os recursos, um grupo centralizado traria o intercâmbio entre as diversas pesquisas na UFSC e auxiliaria na capacitação de professores e servidores da universidade. A capacitação é essencial, pois de nada adiantam equipamentos adequados e boa infra-estrutura se não há pessoas especializadas para trabalharem com este tipo de aluno. A intenção do grupo é equipar a Biblioteca Central e o Nucleind com computadores adaptados para deficientes visuais, lupas e impressora Braile. Maria Sylvia explica que além de equipamentos, é necessário o investimento em materiais didáticos específicos para alunos com deficiência, como cadernos para escrita Braile e em publicações acadêmicas da área.
O professor Luciano Lazzaris afirma que o processo de adequação em qualquer instituição pública é lento, pois depende de verbas e da conscientização das autoridades e dos próprios acadêmicos. Os recursos provindos do projeto Incluir 2006 e dos programas Proext – Sesu/MEC de 2004 e 2005 foram utilizados para aquisições de softwares de tradução, computadores, laptops, lupas eletrônicas, entre outros equipamentos.
Mesmo assim, Lazzaris explica que a UFSC ainda não é uma instituição equipada, mas que muito está sendo feito para alcançar esse objetivo. Na graduação do curso de Enfermagem, por exemplo, o professor conta que os alunos entendem as dificuldades de deficientes visuais e físicos, usando vendas e bengalas em algumas disciplinas. Para Maria Sylvia e Lazzaris, outros cursos deveriam adotar essa vivência, para formarem pessoas mais preparadas no atendimento às pessoas com necessidades especiais.
Entre as propostas dos profissionais da UFSC que se dedicam à educação especial, a consolidação de um núcleo de referência é a principal. Assim, com uma boa divulgação das pesquisas e o trabalho interdisciplinar dos departamentos da universidade, acredita-se que comunidade e autoridades prestem mais atenção aos problemas relacionados à inclusão. Além disso, tendo uma universidade pública acessível, espera-se que muitas pessoas com deficiência utilizem o campus também para atividades de integração.
Saiba mais
Nucleind estuda educação inclusiva desde 1986
A necessidade de aprofundar estudos relacionados à Educação Especial levou um grupo de professores de diferentes departamentos da UFSC a criar o Núcleo de Estudos em Educação Especial, em 1986. Nos primeiros anos de atividade foram realizados estudos, debates e seminários com estudantes e professores de várias áreas de conhecimento, buscando consolidar as atividades do núcleo.
A partir de 1990, os estudos e pesquisas do agora denominado Núcleo de Investigação do Desenvolvimento Humano (Nucleind) levam a novas investigações teóricas e práticas referentes à relação entre desenvolvimento humano e aprendizagem, possibilitando pensar mudanças estruturais dos processos cognitivos superiores de pessoas portadoras de deficiência.
Projetos de pesquisa e extensão, com diferentes referenciais teóricos são desenvolvidos por professores, servidores, alunos e outros profissionais voltados à educação de surdos, integração de alunos especiais na escola regular, capacitação, dificuldades de aprendizagem e construção social da deficiência.
O Nucleind desenvolve suas atividades seguindo os objetivos de ensino, pesquisa e extensão da UFSC, articulando-se com os próprios centros e departamentos da universidade e com entidades e órgãos comunitários ligados à área da educação de indivíduos portadores de necessidades educativas especiais.
Mais informações sobre os projetos de inclusão da UFSC com Maria Sylvia 3721 9905 ou no Nucleind: 3721 9369
Por Fernanda Rebelo / Bolsista de Jornalismo na Agecom