Escritor Mário Prata é o convidado do Círculo de Leitura

01/10/2007 09:50

Um dos mais bem-sucedidos escritores brasileiros, com 23 livros publicados e trânsito também no teatro, no cinema e na televisão, Mário Prata é o convidado para a 28ª edição do Círculo de Leitura de Florianópolis, que acontece às 17h de quinta-feira, dia 4, no Espaço Cruz e Sousa da Editora da UFSC, no campus da Trindade. Desde 1969, quando publicou O morto que morreu de rir, o escritor vem marcando presença na produção cultural brasileira e colaborando na imprensa com crônicas em jornais de grande circulação. Nos anos 90, morou e produziu novelas e seriados em Portugal – experiência que resultou no livro Schifaizfavoire, dicionário de português, que já teve 20 edições.

Mário Prata nasceu em Uberaba (MG) e passou a infância e juventude em Lins (SP). Trabalhou como bancário e estudou economia, mas o amor pela escrita fez com que começasse a se aproximar de escritores, gente de teatro e jornalistas. Já em São Paulo, seu livro de estréia, escrito durante um período em que os estudantes ocuparam a faculdade, foi publicado pelo centro acadêmico, na USP. Mas o reconhecimento veio no ano seguinte, com o sucesso da peça O cordão umbilical, recebida com entusiasmo pela crítica. “Se não tivesse dado certo, eu estaria hoje, provavelmente, aposentado no Banco do Brasil ou seria ministro da Fazenda”, brinca ele em texto postado no seu site oficial.

Prata trabalhou como repórter em vários jornais e revistas e foi resenhista, articulista e cronista de grande capacidade produtiva. Entre os livros que publicou aparecem Besame mucho (1987), Filho é bom, mas dura muito (1995), Mas será o Benedito? (1996), Diário de um magro (1997), Os anjos de Badaró (novela escrita totalmente on line em 2000) e Paris, 98! (2006), alguns com várias edições. No teatro, escreveu ainda Dona Beja e Eu falo o que elas querem ouvir. No cinema, fez o argumento de Xico Rey (dirigido por Walter Lima Junior) e o roteiro de Banana split (de Paulinho de Almeida). E, na televisão, escreveu as novelas Estúpido cupido (1976), Sem lenço, sem documento (1977), Bang bang (2005) e Helena (esta, para a TV Manchete).

No momento, Mário Prata está lendo livros de George Simenon e Andrea Camilleri, porque prepara um romance policial e, como sempre ocorre nesses casos, dirige suas leituras para a área de interesse imediato. Também aposta nas novas possibilidades de leitura e em suportes que podem alcançar as faixas mais jovens de público. “Sempre digo que é na internet que vão surgir os novos escritores”, afirma. “É ali que o jovem coloca o que escreve para o mundo ler em seu blog. No meu tempo, a gente escrevia alguma coisa e dava para dois ou três amigos lerem…”

O projeto

O Círculo de Leitura é um projeto que permite ao convidado e aos presentes discutirem informalmente sobre os livros que estejam lendo, sobre as leituras do passado e as influências de outros autores sobre o seu trabalho. Escritores e jornalistas como Oldemar Olsen Jr., Fábio Bruggemann, Inês Mafra, Mário Pereira, Maicon Tenfen, Cleber Teixeira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Renato Tapado, Raimundo Caruso, Nei Duclós e Marco Vasques estão na lista dos participantes das etapas anteriores do projeto.

Breve entrevista

Como escolhe suas leituras, diante da grande quantidade de opções que existem e das que surgem a cada dia?

Mário Prata – Para um escritor, a leitura, além do prazer, é um trabalho. Gosto de ler os novos, tanto brasileiros como estrangeiros, para analisar, estudar o rumo que a literatura vem tomando. Aprende-se com os novos, assim como com os clássicos. Dependendo do tipo de livro que estou trabalhando no momento, dedico-me a um tipo de leitura específica. No momento, por exemplo, estou escrevendo um policial e lendo apenas livros dessa área. Os clássicos do gênero: Poe, Doyle, Agatha Christie, Hammet, Highsmith, Chandler, Simenon, Camilleri, Ruth Hendell etc.

Você escreve pensando no reconhecimento do leitor ou porque precisa imperiosamente escrever (tanto que há mais de 30 anos publica livros, escreve roteiros, crônicas e peças de teatro)?

Mário Prata – Escrevo porque é a minha profissão e preciso pagar as minhas contas, em primeiro lugar. Aliás, como qualquer profissional em sua área. Ninguém pergunta a um médico se ele trabalha pensando no reconhecimento do paciente ou porque precisa medicar imperiosamente. Vejo o ato de escrever como um ofício como outro qualquer. Mas é um ofício maravilhoso, porque me dá prazer. Na hora de escrever – me divertindo, criando personagens, situações – me dá prazer imaginar o livro entre os mais vendidos, sem falar na hora de receber meus direitos autorais. Mas o maior prazer para mim é quando tenho uma boa idéia. A idéia central para algum projeto, seja crônica ou um livro. Este é meu grande prazer: a idéia.

Que gêneros e autores mais aprecia?

Mário Prata – Eu leio até bula. Mas leio sempre ficção, que é onde atuo. Alguns autores foram importantes na minha formação. Principalmente os cronistas. Braga, Sabino, Nelson Rodrigues, Millôr, Veríssimo, Sterner, Maistre, Julio Cortázar, Campos de Carvalho, Eça, Machado, Tolstoi.

Como se sente sendo escritor (de sucesso) num país de pouca leitura?

Mário Prata – Triste.

Contatos e entrevistas com Mário Prata: fone (48) 9961-0051 e e-mail mac.prata@terra.com.br