A valorização da graduação

15/10/2007 08:24

Nildo Ouriques e Maurício Pereima

A expansão das universidades sem o correspondente lastro financeiro afetou a qualidade do ensino universitário, mas o efeito nocivo apareceu de forma mais dramática na graduação. Nós todos sabemos que a presença dos professores substitutos (para dar apenas um exemplo) – mesmo considerando que muitos têm excelente formação e dedicação exemplar – sempre acarretou perda na medida em que eles permanecem pouco tempo entre nós. Quando ganham experiência, o contrato de dois anos vence. Ora, muitas decisões tomadas aqui na UFSC colaboraram com este cenário.

Para superar esta situação e iniciar um forte programa de valorização da graduação, será necessária uma ação nacional no sentido de conquistar em Brasília a ampliação do programa PET, que já se revelou um instrumento importante de elevação da qualidade do ensino. Não podemos seguir eliminando, na seleção interna, bons projetos para a disputa nacional, que permite a apresentação de apenas um projeto por universidade. No plano estadual, a regulamentação do artigo 171 da Constituição catarinense permitirá outra ação no sentido de garantir que a pesquisa caminhe junto com o ensino de graduação por meio de um nutrido programa de bolsas de iniciação científica, especialmente para as humanidades, que não dispõe de muitas alternativas de financiamento.

Na reitoria, desenvolveremos uma ação institucional para que o governo do estado garanta os recursos constitucionalmente previstos. No plano interno, será necessária a ampliação das bolsas de monitoria, que já provaram eficiência como instrumento de valorização da graduação e experiência pedagógica. Por outro lado, será necessário ampliar o espaço físico para os PETs, monitorias e programas de pesquisa que envolvam estudantes de graduação. Da mesma forma, será necessário ampliar nossa capacidade de intercâmbio acadêmico, fortalecendo institucionalmente o ESAI para aproveitar as imensas possibilidades que se apresentam neste terreno.

Outra medida inadiável é a valorização do coordenador de curso. A experiência demonstrou que foi um erro sua eliminação no passado. Na atual gestão, o cargo foi reestabelecido sem contar, porém, com a devida gratificação. E o mais grave: faltou o intenso trabalho pedagógico de aproveitamento das experiências positivas e o enfrentamento coletivo das dificuldades que sempre se renovam em matéria pedagógica. Para superar este problema, vamos estabelecer seminários semestrais com todos os coordenadores e vitalizar a Câmara de Graduação, que, para além de suas atribuições regimentais, deverá estabelecer, junto com a pró-reitoria, os coordenadores de curso e os chefes de departamento, uma agenda das questões que mais afetam o ensino na UFSC.

Além disso, deveremos dar especial atenção para os dois colégios agrícolas (Camboriú e Araquarari), o NDI e o Colégio de Aplicação. Com este último, será necessário estabelecer uma relação de respeito e credibilidade que foi gravemente afetada na gestão atual.

Uma universidade de qualidade, verdadeiramente plena, deve romper a distância atualmente existente entre as exigências de qualidade nos programas de pós-graduação e aquelas existentes no ensino de graduação. Superar esta contradição é tarefa inadiável da Universidade e nosso compromisso.