Trotes solidários são alternativa para brincadeiras no início do semestre

20/08/2007 13:47

Trote solidário: festa sim, violência não

Trote solidário: festa sim, violência não

Os estudantes da primeira fase de Pedagogia se dirigem, pintados no rosto, ao hall do Centro de Ciências da Educação (CED) para uma confraternização com os veteranos. Poderia ser um trote comum, ou “sujo”, como costuma ser chamado pelos alunos, não fosse o fato de que os calouros foram pintados por crianças do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) e passaram o início da tarde com elas, participando de apresentações de cantigas e brincadeiras.

Os trotes solidários têm sido uma alternativa ao chamado trote sujo, aplicado em grande parte dos cursos da UFSC no início de cada semestre. Entre as ações utilizadas estão a doação de sangue, alimentos e materiais de higiene pessoal, o plantio de árvores em áreas de preservação e a coleta de lixo em locais poluídos. Em determinados cursos, inclusive, os veteranos que aplicam o trote tentam desenvolver atividades que já introduzam os novatos às especificidades de cada profissão.

Pedro Santaella, da primeira fase da Engenharia Sanitária e Ambiental, reforça a importância do trote solidário no seu curso: “Aqui, a gente leva cerca de dois anos para entrar em contato com a prática, antes é só cálculo. O trote solidário já faz a gente colocar a mão na massa”. Os calouros da Engenharia Sanitária e Ambiental foram chamados para plantar árvores em uma área de recuperação no campus da UFSC, atrás do prédio da Arquitetura. Mas aqueles que apreciam o trote tradicional do curso não são prejudicados: as brincadeiras, as tintas e a farinha ainda não foram abandonados.

Na Pedagogia, o trote tradicional foi totalmente abolido. De acordo com a estudante Flora Bazzo Schmidt, membro do Centro Acadêmico Livre da Pedagogia (Calpe), os alunos do curso não desejavam reproduzir práticas de violência no trote. “A gente não queria tirar o caráter de festa, e sim a violência. Dessa forma, os calouros se sentem mais acolhidos e se envolvem mais desde o começo. Tem que comemorar de forma significativa”, reflete.

Além de passar o início da tarde brincando com as crianças, os alunos da Pedagogia doaram materiais de higiene pessoal para o Hospital Universitário (HU). Para a caloura de Pedagogia Bruna Vieira da Rosa, este tipo de trote possibilita um aprendizado aos alunos recém-chegados. “Gostei e aprendi muito. É uma atividade que a gente leva para nossa vida e para a profissão”, completa. Elfy Margrit Göhring Weiss, do Núcleo de Desenvolvimento Infantil, diz que o trote solidário está mais de acordo com a proposta pedagógica do curso. “Dessa forma os calouros já têm uma primeira impressão da UFSC. Há uma valorização do curso”.

Mais informações com os CAs de Pedagogia (escalpelar@gmail.com) e de Engenharia Sanitária e Ambiental (3721-5100).

Jéssica Lipinski/bolsista de jornalismo da Agecom