Projeto cria oportunidades para que jovens carentes conheçam a universidade e a ciência

Troca em laboratórios enriquece vivência na UFSC
Quinze universidades de todo o país integram o projeto que nasceu como uma iniciativa do professor Leopoldo de Méis, da UFRJ, em 1986. Em Florianópolis materiais estão sendo preparados para distribuição às escolas e divulgação da oportunidade. Visitas aos colégios da Grande Florianópolis também serão realizadas, para incentivar a participação. Nos anos anteriores quase 600 pessoas se candidataram em cada curso de férias.
A partir das inscrições são selecionados 40 estudantes e 20 professores que fazem o curso na UFSC – normalmente em janeiro. Neste grupo, quatro acadêmicos e dois professores são escolhidos para uma experiência de formação e capacitação de cerca de um ano, em que são acompanhados por monitores, acadêmicos de graduação e de pós-graduação. A iniciativa contou com apoio da Fundação Vitae na implantação e atualmente tem apoio financeiro da Finep e da Capes. Os alunos e professores selecionados recebem uma bolsa para auxiliar no transporte e alimentação. Esforços são também realizados pelo projeto para auxiliar os alunos a ingressarem nas universidades públicas.
Inclusão social
Durante dois anos de projeto o Departamento de Farmacologia da UFSC proporcionou o curso de férias a 42 professores e 143 alunos da rede pública da Grande Florianópolis. Destes, seis professores e 14 alunos foram selecionados para desenvolver atividades nos laboratórios na UFSC, participando de seminários e projetos de pesquisa. Entre os 14 estudantes contemplados, 10 tiveram a oportunidade de estudar em cursos pré-vestibulares. Este ano três alunos fazem cursinho e um dos selecionados como estagiário, classificado no vestibular 2005, está cursando a Graduação em Farmácia da UFSC. Outros três alunos selecionados foram aprovados em vestibulares na UFSC e na Udesc.
“Sabemos que é apenas uma sementinha, mas estamos fazendo nossa parte”, diz o professor João Batista Calixto, coordenador do projeto na UFSC. ”Estamos fazendo um grande esforço para exercer as principais funções de um professor em uma universidade pública: ensino de graduação, pesquisa e formação de recursos humanos e a extensão universitária, incluindo também interação com o setor produtivo”, ressalta o professor.
Segundo ele, entre os estudantes muitos acabam desistindo, pois não têm apoio da família, precisam trabalhar ou mesmo porque têm dificuldades de aprendizado. Entre os professores a procura é baixa, provavelmente em função das extensas cargas horárias, dificuldades financeiras e inexistência de dispensa legal para participação.
Oportunidades
Na UFSC o projeto está voltado para a área de Farmacologia, campo da ciência que engloba conhecimentos da biologia, química e ciências em geral. O foco proposto é ´Como surgem e agem os medicamentos`, traduzido em materiais didáticos como gibis e em peças de teatro, que tornam mais acessível e curioso o conhecimento.
Ao mesmo tempo, o projeto abre oportunidade aos participantes de conhecerem um pouco do trabalho do Departamento de Farmacologia, onde são executadas pesquisas com novos analgésicos e antiinflamatórios, sobre dependência química de drogas e melhor entendimento de terapias para doenças degenerativas, como o Mal de Parkinson e a Doença de Alzheimer. São também realizados estudos para desenvolver e comprovar a eficácia de fitoterápicos. Em parceria com o Laboratório Ache, por exemplo, foi desenvolvido o primeiro antiinflamatório fitoterápico nacional, o Acheflan, à base de uma espécie vegetal encontrada na Mata Atlântica, a erva-baleeira.
Mas o projeto ´Novos Talentos` busca valorizar o interesse do candidato selecionado e se ele preferir interagir com outras áreas, essa opção é verificada com diferentes professores e setores da UFSC. Há também possibilidade de reforço em áreas básicas, como a matemática. “São pessoas que precisam de uma única oportunidade. É um aprendizado lento, sem estresse, que leva em conta diferentes necessidades`, explica o professor Calixto, que este mês recebeu o Prêmio Scopus 2007, direcionado a pesquisadores brasileiros com significativa produção científica internacional.
Mais informações com Ana Flávia, ou Edinéia Lemos de Andrade, fone 3721 9491, ramal 228, e-mail: ou ana_dear@yahoo.com.br; edineialemos@ig.com.br
Por Arley Reis / Agecom