UFSC assina acordos e marca implantação de seu Núcleo de Inovação Tecnológica

04/06/2007 20:07

Reitor e diretor da Natura assinam acordo

Reitor e diretor da Natura assinam acordo

A assinatura de acordos de cooperação com a Natura (uma das líderes do mercado de cosméticos no Brasil), a Imprimatur Capital Ltda (de Londres) e o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) marcaram na tarde dessa segunda-feira, 4/6, o lançamento do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFSC. Essa não é a primeira vez que a UFSC cria setores do gênero, mas agora a iniciativa ganha força com a nova Lei de Incentivos à Inovação, que determina a implantação de núcleos com a finalidade de estabelecer e gerenciar a política de inovação em instituições de ciência e tecnologia.

O reitor Lúcio José Botelho lembrou que a UFSC está entre as universidades mais produtivas do país e que a forma de funcionamento do Núcleo de Inovação como conselho, com participação da universidade e de empresas, entre outras instituições, pode proporcionar condições para que a universidade se torne ainda melhor.

O contrato com a Natura é sigiloso, na área de produtos para pele e cabelo. O acordo também possibilitará que a UFSC compartilhe resultados financeiros com a empresa. O diretor de pesquisa e desenvolvimento da Natura, Daniel Gonzaga, deixou claro que a empresa tem entre suas estratégias de crescimento intensificar as parcerias com instituições de pesquisa.

A expectativa é de que dessa forma o ciclo de desenvolvimento de novos produtos se torne ainda mais curto e efetivo, disse o diretor da Natura, informando que atualmente a empresa tem 1.450 novos projetos em andamento. “O Núcleo de inovação só vai nos facilitar as parcerias e o compartillhamento de recursos humanos e de infra-estrutura”, avaliou Gonzaga.

A diretora da Academia do INPI, Lúcia Regina Fernandes, mostrou como o instituto tem investido para se fazer conhecido e formar recursos humanos especializados no campo da propriedade intelectual em todo o país. Lúcia falou sobre os diversos cursos que o instituto tem ministrado em diferentes regiões e disse que um dos desafios atuais é a consolidação de um mestrado no campo da propriedade intelectual, oferecido pelo INPE. “Somos hábeis em produzir papers, mas não em buscar a proteção para nossas criações”, avaliou, destacando a importância das ações para disseminar o conhecimento na área de propriedade intelectual.

De acordo com o diretor do Departamento de Propriedade Intelectual da UFSC, professor Luiz Otávio Pimentel, que assume também neste primeiro momento o Núcleo de Inovação Tecnológica, o acordo deve aproximar ainda mais a UFSC da Academia do INPI. Este setor é responsável pelo exame e concessão de registros, patentes e marcas, entre outras formas de proteção.

Em sua apresentação Pimentel ressaltou a necessidade de que mitos sejam quebrados para que os processos de transferência de tecnologias e proteção intelectual avancem nas universidades públicas. Segundo ele, um destes mitos é a idéia de que o desenvolvimento tecnológico e sua proteção significam a privatização da universidade pública. “Exatamente por ser pública é que a instituição tem o dever de proteger o conhecimento, gerar riquezas, empregos”, destacou o professor. Segundo ele, o pequeno número de patentes obtidas por pesquisadores brasileiros não condiz com a atual capacidade intelectual do país – indicadores mostram que o Brasil é responsável por 2% da produção científica e tecnológica mundial. “É pouco o conhecimento que se traduz em retorno financeiro para o país”, avaliou.

Segundo ele, um dos grandes problemas no relacionamento da universidade com as empresas está na passagem de projeto a produto – processo que exige sigilo completo por parte da academia e que se choca com a constante pressão que o pesquisador tem de publicar e mostrar sua produtividade. Para o professor, a Lei de Incentivos à Inovação é um marco de legalidade para a pesquisa cooperativa. Entre os avanços está a inclusão do pesquisador na divisão de resultados financeiros.

O Núcleo de Inovação Tecnológica da UFSC vai zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção das criações, licenciamento, inovação e outras formas de transferência tecnológica. Também vai atuar na identificação e incentivo de possíveis parcerias no ambiente produtivo, vai opinar sobre acordos que a universidade esteja avaliando e também vai divulgar os resultados de projetos. A expectativa é de que o setor colabore com a institucionalização das negociações e contratações de parcerias, pois deve disseminar entre o corpo docente as vantagens da proteção intelectual.

O diretor citou também como marco do lançamento do NIT a primeira patente conquistada pela UFSC como titular. A patente refere-se a uma tecnologia para recuperação de turbinas hidráulicas de usinas hidrelétricas, desenvolvida junto ao Laboratório de Soldagem do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC. As turbinas hidráulicas das usinas hidrelétricas sofrem um desgaste chamado cavitação, causado pela passagem da água. São espécies de buracos que precisam de reparos periodicamente. Desenvolvida desde 1997 pelo Laboratório de Soldagem do Departamento de Engenharia Mecânica (Labsolda/EMC), a tecnologia resolveu problemas como a qualidade de solda e sua execução. O processo de soldagem desenvolvido pela UFSC chega a reduzir pela metade o tempo de manutenção das turbinas, além proporcionar um reparo de maior qualidade.

Por Arley Reis / Agecom (com informações de João Gustavo Munhoz/CTC)

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