Trabalho com samambaia-preta rende Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2006 para mestranda da UFSC

Espécie é coletada para arranjos
A premiação foi criada em 2002. É resultado de uma parceria da Rede Especializada de Ciência e Tecnologia (Recyt), Unesco e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Na edição de 2006, o tema era `Ciência, Tecnologia e Inclusão Social para o Mercosul`. Os trabalhos são analisados segundo critérios como atualidade do tema, pertinência do trabalho para o Mercosul e contribuição para a cooperação no campo da Ciência e Tecnologia no Mercosul.

Fotos: Núcleo de Estudos em Florestas Tropicais
Em 2004, o projeto ganhou novas parcerias como o Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais (NPFT) da UFSC – pioneiro no estudo de manejo florestal – e a professora iniciou as pesquisas no núcleo junto com o mestrado na UFSC.
Pesquisa permite manejo
Segundo o Decreto Federal 750/93, são proibidos o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica. A pesquisa abrangeu estudos de demografia e diversidade genética da samambaia-preta para avaliar a reprodução e regeneração da planta. Foi analisado o trabalho das famílias extrativistas e comprovou-se que o manejo realizado por elas não prejudicava a regeneração da espécie.
Entre 2004 e 2006 as pesquisas continuaram para reforçar a sustentabilidade do extrativismo e manejo da samambaia-preta. Novas famílias foram analisadas e os resultados comprovaram que o sistema de corte utilizado pelas famílias, três vezes ao ano, para coletar as folhas da planta, não afetava negativamente a espécie. Após a conclusão dos estudos, houve uma articulação entre o projeto e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente/RS (SEMA) para legalizar a atividade. Em 21 de novembro de 2006, foi assinada uma instrução normativa pela SEMA/RS e a samambaia-preta tornou-se o primeiro produto não-madeirável do Rio Grande do Sul a ser regulamentado.
O trabalho da professora contribuiu para o processo participativo de construção de leis para a coleta da espécie. Os resultados dos estudos estão em um manual e na cartilha `Extrativismo e Manejo Samambaia-preta` que servem para orientar extrativistas e fiscais da SEMA/RG sobre o licenciamento, manejo e extração da espécie.
Cristina Baldauf revela que o processo ambiental na região já está resolvido, mas falta o cadastramento das famílias extrativistas, a formação de coorporativas e criação de órgãos fiscalizadores. O Desma coordena a continuidade do projeto junto com as instituições parceiras e busca constante apoio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A professora diz que comparece a reuniões do projeto e ainda é pesquisadora do Núcleo de Estudos em Florestas Tropicais da UFSC. Desde o ano passado, Cristina se dedica ao ensino de Ciências na rede pública de Santa Catarina, no Núcleo de Educação de Jovens e Adultos.
Por Fernanda Rebelo / Bolsista de Jornalismo na Agecom
Relembre:
Núcleo de Pesquisa em Florestas Tropicais ganha prêmio de Conservação Ambiental (9/12/2002)