Menina redescobre o mundo depois de cirurgia no Hospital Universitário

19/06/2007 14:52

No dia 11 de maio de 2007, um mundo novo se abriu para a menina Rita Ângela Borges Bez Birolo. Um mês e meio depois de ser submetida à primeira cirurgia de Implante Coclear do Hospital Universitário (HU), a menina de cinco anos ouviu pela primeira vez os sons que a cercam. Dentro daquela sala do Laboratório de Estudos da Voz e Audição (LEVA), onde teve o seu implante ativado, Rita deixou para trás toda uma vida de silêncio.

Maria Madalena Pinheiro, fonoaudióloga do LEVA, conta que a menina percebeu os primeiros sons com surpresa. Pouco mais de um mês após a ativação, entretanto, a menina de Jacinto Machado já responde bem aos estímulos sonoros. Madalena diz que Rita deve passar agora por uma terapia fonoaudiológica. “É necessário para que ela possa compreender estes sons que nunca ouviu antes, ou seja, dar significado à informação auditiva.”

Rita nasceu com perda auditiva profunda, só diagnosticada após o seu primeiro ano de vida. Depois de dois anos submetendo a criança ao uso de próteses auditivas, a mãe parou de insistir nos aparelhos e solicitou à Secretaria de Estado da Saúde que custeasse a cirurgia da filha. A estratégia deu certo e Rita pôde realizar o seu implante gratuitamente no Hospital Universitário da UFSC.

De acordo com a fonoaudióloga, pelos critérios do SUS, a menina já estava em uma idade limite para a realização da cirurgia. “Quanto maior a idade maiores serão as dificuldades encontradas no desenvolvimento da linguagem oral”, explica. Adultos e crianças que tenham perdido a audição após o período de aquisição dessa linguagem, por sua vez, não apresentam esse tipo de problema. “O sucesso vai depender da compreensão prévia da linguagem oral que o paciente apresenta”, resume.

Recursos

A cirurgia de implante coclear é muito cara e o Ministério da Saúde não lança uma portaria para habilitar hospitais a realizá-la através do Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1999. Por isso, mesmo possuindo o pessoal e as condições técnicas necessárias, o HU não pode realizar esse tipo de procedimento com a freqüência desejada. Mesmo assim, o caso da menina Rita – revela Madalena – já pode ser considerado um marco. “Quando a portaria for lançada, o HU vai poder mostrar que tem condições de realizar esse tipo de procedimento.”

Aparelho Auditivo X Implante Coclear

Os aparelhos auditivos amplificam os sons ou os intensificam. Os sons produzidos não oferecem, em alguns casos, muito benefício às pessoas com uma perda severa e profunda da audição nos dois ouvidos. Em outras palavras, não importa quão intenso for o som produzido pelo aparelho, um ouvido com deficiência profunda da audição não poderá processar a informação devido à extensa lesão das células ciliadas.

Um implante coclear, por sua vez, não amplifica os sons. Este dispositivo fornece informação sonora útil ao estimular diretamente as fibras neurais remanescentes na cóclea, o que permite à pessoa perceber o som.

Mais informações: Laboratório de Estudos da Voz e Audição – 3721-9118

Por Daniel Ludwich / Bolsista de Jornalismo na Agecom