ForGRAD quer expandir vagas e formar mais professores para a educação básica
Expandir a oferta de vagas, garantir a qualidade do ensino, aumentar o número de cursos noturnos, reduzir a evasão, valorizar a carreira docente e investir na formação de professores, sobretudo na área das licenciaturas. Estes grandes desafios da educação superior no Brasil estão sendo objeto das atenções do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras (ForGRAD), presidido desde maio pelo pró-reitor de Ensino de Graduação da UFSC, Marcos Laffin. “Nossas metas são representativas do diálogo com o coletivo de pró-reitores de Ensino de Graduação e buscam articular as demandas das universidades para o ensino superior”, diz o novo presidente do Fórum.
Criado em 1987 para formular estratégias e ações que melhorem a qualidade do ensino superior, o ForGRAD se coloca como um interlocutor das universidades junto ao MEC, pois “cabe ao Ministério a proposição e a oferta das condições de uma política pública e de Estado para o sistema nacional de educação”, segundo Marcos Laffin. Sem estabelecer uma ordem de importância, o pró-reitor afirma que o principal desafio das universidades é conseguir atender a demanda por vagas na área pública, porque 90% dos alunos brasileiros estudam hoje em instituições particulares.
“Se por um lado muitas instituições privadas possuem vagas ociosas porque a atual situação econômica não permite que a grande maioria dos estudantes mantenha as mensalidades em dia, por outro a oferta restrita de vagas e sua não-ampliação se traduzem na ausência de uma política de estado para a educação superior”, diz o presidente do ForGRAD.
Outra preocupação dos pró-reitores é com a falta de professores para a educação básica nas áreas de física, química, matemática e biologia. Estudo realizado pelo Fórum indica que a evasão nos cursos de licenciaturas precisa ser enfrentado urgentemente, sob o risco de a carência de professores – um problema já sentido em muitas escolas – se tornar grave dentro de poucos anos.”Há um crescimento desproporcional nas matrículas”, constata Marcos Laffin, informando que existem 728 mil matriculados nos cursos de Administração, enquanto em Matemática são apenas 75 mil, em Química, 36 mil, em Ciências, 18 mil, e em Física, 11 mil. “A pauta emergencial é voltada para a criação de políticas de permanência dos alunos e sobretudo para a valorização da carreira docente”, diz ele.
Como o sistema educacional brasileiro abriga instituições públicas e particulares, o ForGRAD precisa trabalhar com demandas muitas vezes conflitantes entre si, em vista da natureza jurídica distinta de suas filiadas. Normalmente, as reuniões são realizadas em separado e os encaminhamentos também são diferenciados. “A força do Fórum está em compreender as particularidades de cada natureza jurídica, indicar o que é comum a todas as instituições e buscar alternativas conjuntas”, diz Laffin. “Em sua diversidade, o Fórum tem trabalhado pelo desenvolvimento do sistema federal de ensino como um todo”.
Em relação à interlocução com o Ministério da Educação, o presidente do Fórum informa que as reivindicações são ancoradas numa base coletiva que visa sempre à cooperação. A intenção é manter um diálogo prudente com o governo, apresentando demandas e proposições, discutindo viabilidades e, ao mesmo tempo, preservando a autonomia para discordar quando for necessário ir contra as ações do MEC. “No governo FHC, tivemos uma postura quase se oposição, porque não havia por parte do ministro Paulo Renato de Souza uma abertura para o diálogo”, diz Marcos Laffin. “Hoje, num governo de base popular, a educação tem sido prioridade e as relações avançam na direção de um diálogo de participação”.
Pró-reitor Marcos Laffin – (48) 3721-6028/9911-3355
Por Paulo Clóvis/ Jornalista na Agecom