Estudo mostra como funcionam programas de atendimento a homens que praticam violência contra mulheres
Investigar programas latino-americanos que atendem homens autores de abuso contra mulheres, especialmente em relação à agressão sexual, é o objetivo de um trabalho que será apresentado na UFSC durante o VII Encontro Catarinense de Saúde Mental e o Seminário Internacional de Saúde Mental e Cultura. Os eventos iniciam nesta quinta-feira, 28/6, e prosseguem até sábado, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Serão apresentados cerca de 40 trabalhos em pôster e 19 orais.
O objetivo do projeto “Programa de Hombres Renunciando a Su Violência: uma Proposta Latino-Americana de Atendimento a Homens que Exercem Violência na Conjugabilidade” é demonstrar como esses programas funcionam. A análise considera aspectos como sua composição, natureza, formas de financiamento, funcionamento, avaliação e como os homens são encaminhados. Foram pesquisados programas já consolidados nessa área no Brasil, México, Nicarágua, Honduras, Peru e Argentina.
Os programas foram visitados in loco, os responsáveis foram entrevistados, as rotinas de funcionamento observadas e consultados documentos como manuais de trabalho. Quando possível, também foram acompanhados os encontros grupais dos homens atendidos.
Dos programas investigados, o único que funciona com caráter governamental é o desenvolvido em Honduras. Todos os demais são desenvolvidos sob a responsabilidade de Organizações Não-Governamentais (ONGs). Alguns são desenvolvidos por psicólogos, mas essa não é uma regra geral. A maioria trabalha com demanda espontânea e, portanto, com estratégias amplas de sensibilização da população para o problema da violência contra as mulheres.
De acordo com uma das coordenadoras da pesquisa, a professora do Departamento de Psicologia da UFSC, Maria Juracy Filgueiras Toneli, essa discussão é muito atual e a pesquisa pode contribuir para a elaboração de estratégias de atendimento aos homens autores de violência contra as mulheres.
“Temos discutido com os profissionais da Delegacia da Mulher em Florianópolis (6ª DP) a possibilidade de implantação desse atendimento, assim como, no âmbito da Secretaria de Saúde Florianópolis, já está em andamento um Programa de Atendimento a Jovens Homens (menores de 18 anos) acusados de violência sexual (Projeto Fênix), para o qual temos contribuído por meio de nossos alunos de graduação e pós-graduação”, diz a professora.
Mais informações sobre o projeto pelo telefone 3721-8215 ou pelo e-mail juracy@cfh.ufsc.br com a professora Maria Juracy.
O trabalho será apresentado na Sala Laranjeiras, às 15h, neste sábado.
Por Jéssica Lipinski / Bolsista de Jornalismo na Agecom
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Quando se fala em saúde mental, muitas pessoas pensam logo em hospitais, remédios, psicólogos e transtornos mentais. Mas é muito mais do que isso. Apresentar e explicar a interdisciplinaridade deste tema é apenas um dos objetivos do VII Encontro Catarinense de Saúde Mental e do Seminário Internacional de Saúde Mental e Cultura, que acontecem de 28 a 30 de junho, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC.
Este ano o tema dos eventos é “Redes de Atenção e Cuidados: Espaços, Pessoas e Conexões”. É a primeira vez que o Encontro e o Seminário são realizados juntos. “Nós achamos que não valia a pena fazer os dois eventos em momentos diferentes”, diz um dos coordenadores, Walter Ferreira de Oliveira.
De acordo com Oliveira, esse é um campo de ação relacionado ao equilíbrio do corpo e da mente. “É um parâmetro de vida. É um modo de se ver e estar no mundo, é a relação entre as pessoas e das pessoas com a sociedade”, explica.
Serão abordadas questões como “O que é cuidar?” e como se dá a relação entre profissionais “cuidadores” e “pacientes”, além de assuntos de áreas como cultura, educação, artes, entre outros.
Na lista de palestrantes mais conhecidos estão nomes como o brasileiro Içami Tiba, médico, psiquiatra, autor de diversos livros sobre o tema e criador da Teoria Integração Relacional, e Michel Boussat, de Paris, um dos fundadores da etnopsiquiatria, psiquiatra, pintor e músico, que associa o seu trabalho clínico com as artes e desenvolve trabalhos relacionados à psiquiatria social.
O encontro está sendo organizado pelo Grupo de Pesquisa em Políticas de Saúde/Saúde Mental, que é composto por estudantes e profissionais de vários cursos como Medicina, Fisioterapia, História, Filosofia etc. O seminário conta com o apoio da Prefeitura, da Secretaria do Estado de Saúde, do Centro de Referência de Saúde do Trabalho de Santa Catarina, entre outros órgãos.
No ano passado 1.300 pessoas passaram pelo encontro e em 2007 a expectativa é de que esta meta se repita. As inscrições com desconto podem ser feitas até 18 de junho, a R$ 30 para estudantes e R$ 50 para profissionais e comunidade em geral. No dia do evento, a inscrição custará R$ 40 para estudantes e R$ 60 para profissionais e comunidade.
Mais informações no site www.ccs.ufsc.br/spb/saudemental/, pelo e-mail encontrodesaudemental@yahoo.com.br ou pelo telefone 9608-5271, com Walter Ferreira de Oliveira.
Jéssica Lipinski/bolsista de Jornalismo na Agecom



























