Sepex debate modelo energético brasileiro e suas conseqüências

21/05/2007 19:38

Representantes do Ministério de Minas e Energia, dos Departamentos de Ecologia e Zoologia, Botânica e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estiveram na 6ª Sepex no debate `Modelo energético brasileiro e conseqüências sócioambientais`. O evento aconteceu na última sexta-feira, dia 18 , e foi organizado pela Associação de Professores da UFSC (Apufsc), com o apoio do MAB, da Federação de Entidades Ecologistas Catarinenses (Feec) e da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UFSC.

A presidente da Apufsc, Albertina Dutra Silva, foi mediadora da mesa de debate e os convidados tiveram 20 minutos para expor suas apresentações. Após as colocações de cada um, foi aberto um tempo para debate com os participantes que lotaram o Auditório do Centro de Convivências. No auditório foram colocadas faixas em protesto à divisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e cartazes anunciando a paralisação dos trabalhadores técnico-administrativos federais no dia 23 de maio. Também foram entregues folhetos informativos sobre o Instituto para o Desenvolvimento de Energias Renováveis na América Latina – Ideal e informações sobre as construções de hidrelétricas em Santa Catarina.

Os representantes do Ministério de Minas e Energia apresentaram reflexões e alternativas sobre o modelo energético no Brasil. Com dados de 2005, foram apresentados números da geração de energia e da participação dos setores públicos e privados no setor. Denilvo Moraes destacou o novo modelo energético, proposto em várias leis de 2004, no segundo mandato do presidente Lula. O destaque deste novo modelo seria a preocupação com o planejamento do setor energético e a criação da Empresa de Pesquisas Energéticas –EPE.

Segundo os dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produz 420 twh (Terawatt/hora) ao ano, o que representa 58% da produção energética da América do Sul. Das fontes energéticas, 45% são renováveis e mais utilizadas são a hidráulica e a biomassa. Sobre a participação do país na redução de emissão de dióxido de carbono, o Programa Institucional de Infra-estrutura – Proinfra estima que 2,8 milhões de toneladas de CO2 serão reduzidas ao ano.

Já o professor Arno Klankensteyn relatou sua experiência na construção da termoelétrica na baía de Paranaguá, no Paraná. O projeto de 1997, no governo de Fernando Henrique Cardoso, causou polêmica por se tratar de um local com unidades de conservação e presença da Mata Atlântica. Assim, o professor retomou a necessidade de planejamento citada pelos representantes do Ministério de Minas e Energias. Além disso, Klankensteyn criticou a falta de relatórios sobre os impactos ambientais causados por hidrelétricas. Segundo o professor do Departamento de Ecologia e Zoologia, os locais sofrem com o assoreamento, com perda de áreas florestais e também com redução da biogeografia de peixes.

Também sobre danos sócioambientais na construção de hidrelétricas, a representante do Movimento dos Atingidos por Barreiras frisou o caso de Machadinho, no Rio Grande do Sul. Dados do MAB revelam que não foram garantidas indenizações para os afetados. Assim, Alexandra ressaltou a luta do movimento para garantir os direitos dos atingidos por barragens e a redução dos impactos sócioambientais. Dados apresentados na palestra afirmam que duas mil barragens foram construídas no país e um milhão de pessoas foram atingidas.

Os palestrantes destacaram a reciclagem e economia de energia como políticas públicas simples e eficazes. Mas a principal questão apontada pelos convidados foi o que o governo está fazendo para suprir a demanda de energia.