Projeto ´Fauna associada às Bromélias na Mata Atlântica` terá estande duplo na Sepex

09/05/2007 14:25

Mais de 300 espécies de animais são associadas às bromélias

Mais de 300 espécies de animais são associadas às bromélias

Abelhas, mosquitos, formigas, besouros, percevejos, libélulas, aranhas, pererecas, beija-flores e até macacos estão associados às bromélias. Plantas originárias das Américas, as bromélias relacionam-se com mais de 350 animais. Além de existirem em grande quantidade na Mata Atlântica, possuem uma enorme variedade de espécies. Por estas razões, as bromélias foram escolhidas para integrar a pesquisa “A Fauna associada às Bromélias na Mata Atlântica”, que possuirá um estande duplo na 6ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC, de 16 a 19 de maio.

Desenvolvida pelo Laboratório de Entomologia Médica e pelo Laboratório de Abelhas Nativas (Lanufsc), ambos do Centro de Ciências Biológicas, a pesquisa tem como objetivo estudar a importância dessa planta para a biodiversidade na Mata Atlântica. O estudo é coordenado pelo professor Carlos Brisola Marcondes, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia (MIP), e conta com a colaboração de outros profissionais, como a professora Josefina Steiner, do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG).

A principal característica das bromélias responsável pela atração dos insetos é a existência de uma estrutura chamada de “tanque”, que está localizada na base da planta e é capaz de armazenar água e ou humo. É neste local que os animais podem se reproduzir, se desenvolver, encontrar alimentos ou local de abrigo. Há mais de três mil espécies de bromélias no mundo e praticamente todos os exemplares ocorrem nas Américas, principalmente na área de Mata Atlântica. Somente uma espécie se encontra na África.

Durante o estudo são feitas observações sobre várias espécies de animais, como abelhas, formigas, besouros, mosquitos, percevejos, mutucas e libélulas, que utilizam as bromélias para diferentes fins. A primeira fase da pesquisa, a de levantamento da diversidade de animais presentes nas bromélias da Mata Atlântica, já foi concluída pelos pesquisadores da UFSC. Agora o estudo está sendo direcionado para a identificação de certas espécies animais consideradas “bromélias-específicas”, ou seja, que se reproduzem neste ambiente ou dependem dele para sobreviver.

Projeto identificou nova espécie de libélula

Projeto identificou nova espécie de libélula

Uma das descobertas recentes é a documentação de uma nova espécie de libélula que ocorre somente em bromélias. Também novas espécies de besouros, centopéias e até de baratas estão sendo documentados e descritos neste projeto. Tais resultados mostram o quanto é importante a realização deste tipo de pesquisa, pois a diversidade de animais presentes na Mata Atlântica ainda é pouco conhecida e esta mata está diminuindo a cada dia. De acordo com os professores, existem complexas “teias de interações” entre diferentes espécies de animais associados a bromélias que necessitam ser melhor investigadas.

Segundo o professor Carlos Brisola, a pesquisa da UFSC envolve, além dos mosquitos relacionados à malária, que já eram estudados antes, outros cujas formas imaturas se desenvolvem na água acumulada em bromélias. Foi também através da pesquisa do CCB que, pela primeira vez no Brasil, os estágios de desenvolvimento de uma mutuca foram descritos. A espécie é intitulada Laphriomyia rufopilosa e se cria no ambiente aquático da bromélia. Futuramente, Carlos explica que os estudos de ecologia abrangerão a relação de mosquitos com predadores e a influência do ambiente em que estão as bromélias.

O projeto “A Fauna associada às Bromélias na Mata Atlântica” também realiza atividades de extensão, a fim de divulgar o conhecimento adquirido. Segundo a professora Josefina Steiner, os bolsistas envolvidos no trabalho participam de eventos, como Bio na Rua e Semana da Biologia, e organizam visitas de alunos ao Lanufsc, além de ministrar palestras para diferentes níveis de público.

Esse ano na 6ª Sepex o estande da pesquisa contará com três espécies diferentes de bromélias, sendo uma com inflorescência (popularmente chamada de flor das bromélias) e visitantes florais (animais que procuram recursos da flor). “É importante que as pessoas entrem e manipulem o material”, conta Josefina Steiner. Haverá também gavetas entomológicas e apresentações em Power Point para diferentes públicos, inclusive o infantil. Teremos também pequenas mudas das plantas em exposição, diz a professora.

A pesquisa desenvolvida na UFSC faz parte de um programa chamado “Mata Atlântica”, que reúne outros quatros estudos sobre a conservação e o uso da floresta. O projeto “A Fauna das Bromélias na Mata Atlântica” é financiado por um convênio firmado entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério Federal para Formação e Pesquisa da Alemanha (BMBF), órgão alemão que fomenta e financia pesquisas científicas.

Mais informações: 3721-5208 (Carlos Brisola) e 3721- 6509 (Josefina Steiner)

Por Lívia Helena Freitas / bolsista de jornalismo da Agecom.