Engenharia Sanitária mostra alternativas para tratamento de esgoto residencial na Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão
“Entre os serviços de saneamento básico, o esgotamento sanitário é o que tem a menor presença nos municípios brasileiros.” É assim que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inicia seu relatório sobre esgoto na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Segundo a pesquisa, no país, 47,8% dos municípios não têm coleta de esgoto, 32% apenas o coletam e 20,2% coletam e tratam o esgoto.
Com o intuito de melhorar essa estatística, o Grupo de Estudos em Saneamento Descentralizado, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (Gesad/ENS/UFSC), desenvolve tecnologias para o tratamento descentralizado de esgotos domésticos, ou seja, em residências ou pequenas comunidades. Quatro trabalhos do grupo serão apresentados na Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC (Sepex), que acontecerá de 16 a 19 de maio.
Um deles é uma pesquisa financiada pela Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que estuda quatro diferentes combinações de sistemas de tratamento de esgotos domésticos e visa à elaboração de um guia que ajude pequenas prefeituras e vigilâncias sanitárias na promoção de melhorias na qualidade de vida da população em periferias, áreas rurais e assentamentos. De acordo com uma das pesquisadoras envolvidas com o projeto, Maria Elisa Magri, a vantagem da utilização e estudo de unidades combinadas é que a qualidade do esgoto tratado é maior do que nas unidades isoladas.
Outro trabalho que será apresentado é a pesquisa de mestrado de Maria Elisa, que estuda a combinação entre dois sistemas de tratamento de esgoto: o tanque séptico (as tradicionais fossas) e os Biofiltros aerados submersos. Este último é constitído por um tanque preenchido com material poroso – nesse caso cascas de ostras – que retém microorganismos enquanto o ar e o esgoto fluem pelo tanque.
O terceiro trabalho do grupo é outra pesquisa de mestrado, desenvolvida por Débora Parcias, sobre Filtros plantados com macrófitas, também para o tratamento de esgoto doméstico. Os princípios básicos dessa tecnologia são a filtração do esgoto e a formação de biofilme. Biofilme é uma comunidade estruturada de microorganismos que se adere às raízes das plantas do sistema e que atua na purificação do esgoto retido no filtro.
O desenvolvimento de filtros, aliás, vem se mostrando uma grande alternativa na questão do saneamento básico. É nesse princípio básico que o Gesad apóia a sua pesquisa “Desenvolvimento e avaliação de processos para o uso de fontes alternativas de água visando sua conservação”, financiada pelo Programa Nacional de Saneamento Básico (Prosab).
O objetivo desta pesquisa é estudar e avaliar fontes alternativas de água para fins não potáveis, visando a sua conservação e reutilização. A unidade experimental do projeto fica no bairro Ratones, em Florianópolis, instalada em uma casa onde foram montados três sitemas de tratamento de água.
O primeiro apenas trata as chamadas águas negras, provenientes do vaso sanitário e da pia da cozinha, através de um tanque séptico e de um filtro de areia. O segundo sistema é de tratamento e reuso das águas cinzas, aquelas utilizadas no chuveiro, tanque e máquina de lavar, constituído por um filtro anaeróbio e outro de areia. Depois de tratadas, as águas cinzas são usadas na descarga do vaso sanitário. E o último é um sistema de coleta, tratamento e reuso da água da chuva, que depois de passar por um conjunto de peneiras e desinfecção é utilizada no tanque e na máquina de lavar da residência.
Todos esses trabalhos são orientados pelo professor do ENS, Luiz Sérgio Philippi. Mais informações no site do Grupo de Estudos em Saneamento Descentralizado (www.gesad.ufsc.br) ou no telefone 3721 7696.
Por João Gustavo Munhoz






























