Canções de um momento

18/05/2007 08:37

Para os integrantes, o coral é mais do que o canto

Para os integrantes, o coral é mais do que o canto

Uma das apresentações culturais da noite de quinta-feira de Sepex foi proporcionada pelo Coral da UFSC. Unindo integrantes experientes e novatos que começaram a cantar em março, o show trouxe músicas da MPB, como A Ponte, de Lenine, Emoldurada, de Ivan Lins e a desconhecida e delicada Canções e Momentos, de Milton Nascimento.

As vozes foram acompanhadas pela dança de seis meninas, cinco delas professoras de Educação Física. As coreografias trouxeram aquilo que a música inspirava, significava, ritmava. Depois de materializar algumas canções, as bailarinas desceram e se misturaram à platéia, dando outros espaços à melodia. Mais algumas canções e quem se misturou com o público foram os coralistas. As dançarinas, então, cantaram também, fazendo parte da grande roda que envolveu a platéia. Veteranos – usando camisetas coloridas -, iniciantes (que trajavam branco) e os visitantes da Sepex se fundiram num momento de canção originalmente inspirado por Milton Nascimento e executado pela maestrina Míriam Moritz e seus coralistas.

União – Vera Pardo, aluna do curso de Educação Física, uniu sua voz ao coro pela primeira vez em público naquela noite. Antes disso, sua participação sempre se deu através dos silenciosos movimentos do corpo. “Nossa primeira dança com o coral ilustrava uma música do Boi de Mamão”, relembra. O convite de integrar dança e canto partiu de Miriam, e desde 2006 o grupo de meninas, que se denomina Fazendo Corpo Mole, realiza oficinas de expressão corporal junto aos coralistas. “Como queremos trabalhar a união, achamos que cantar também seria interessante para atingir esse objetivo. E é ótimo, porque assim posso me colocar no lugar deles e vejo que existem certos movimentos que são difíceis de serem executados enquanto se canta”, constata.

Evandro Belmiro está quase terminando o curso de Pedagogia, e conta que um dos momentos mais marcantes vividos em quatro anos e meio de convívio com o coral foi exatamente o início. “Fui no Departamento Artístico e Cultural para me informar a respeito de aulas de violão e lá conheci Severina Borges, a antiga maestrina. Conversando, ela me convenceu a ingressar, pois havia falta de vozes masculinas. Eu tinha clareza de que não sabia cantar – quando tocava violão fazia parceria com minha irmã, que acompanhava as músicas – mas fui mesmo assim. O coral então, se tornou a maior experiência acadêmica que tive, muito além da graduação, da participação no movimento estudantil ou da prática de esportes.”

Terapia – O estudante compartilha da opinião de Miriam, de que o coral é muito mais do que pessoas reunidas em torno da música. “Aqui se formam amigos, namorados. A pessoas vão pra casa com outro resultado”, atesta a maestrina, que não só entende como estimula essa outra relação com o coral. “Percebi que muitas pessoas procuravam o coral como uma forma de terapia. Então nosso objetivo vai além de trabalhar a música como um elemento sonoramente perfeito”. Em 2003 Míriam finalizou sua pós-graduação em Musicoterapia.

À frente do Coral da UFSC desde 2004, a maestrina é a quarta regente desde 1963, ano da fundação. Com experiência em regência de corais de crianças, adolescentes e adultos, Míriam entende a música como algo a ser dividido. “Sempre me agradou trabalhar em grupo. Gosto de integrar, compartilhar a música e as experiências decorrentes dela”.

Desde que o coral surgiu esta é a primeira vez que se forma uma turma de iniciantes. O projeto de extensão foi idealizado por Miriam, como forma de oportunizar a participação de outras pessoas da comunidade e também avançar ainda mais com os que já têm experiência com o canto.

Por Cláudia Schaun Reis/Jornalista na Agecom