Pesquisadores falam sobre movimentos sociais e democracia na abertura de seminário
Temas como política, violência, lutas sociais e o papel na mulher da sociedade foram abordados na mesa-redonda de abertura do 2o Seminário Movimentos Sociais, Participação e Democracia. A discussão foi realizada nesta quarta-feira, às 18h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). Entre os participantes estavam professores da UFSC, Universidade de Brasília (UnB), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).
Uma as questões ressaltadas durante o debate foi o retorno dos movimentos sociais na cena política da América Latina, após uma crise ocorrida nos anos 1990. Para a professora Maria da Glória Gohn, da Unicamp e Uninove (Centro Universitário Nove de Julho), os movimentos atuais adquiriram maior complexidade, com lutas culturais (como as causas da mulher e do índio) e não somente reivindicações de questões de sobrevivência.
Ainda de acordo com a professora – que tem estudos com foco na questão da mulher – há uma necessidade fundamental de se fortalecer as condições de vida das mulheres. Elas representam dois terços dos 876 milhões de analfabetos do mundo; são mais da metade da população mundial; produzem metade dos alimentos do mundo, mas são proprietárias de apenas 1% das terras produtivas. Além disso, as mulheres predominam nos movimentos sociais, porém possuem pouca visibilidade, segundo a pesquisadora.
A relação entre violência e lutas sociais foi outro ponto discutido. De acordo com José Vicente Tavares dos Santos, professor da UFRGS e presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS), o fenômeno da violência, relevante enquanto questão social, é um novo componente da sociedade brasileira dos últimos 20 anos. O palestrante destacou ainda a mundialização do fenômeno e a sua característica difusa, em que os protagonistas são indivíduos ou grupos.
Outra temática abordada foi “Desafios de fóruns e redes para uma política de eqüidade”. Segundo a professora da UFSC, Ilse Scherer-Warren, a eliminação da ineqüidade é fundamental para a consolidação da democracia do Brasil. Para o combate à exclusão, a professora considera necessária a articulação de três dimensões: condições materiais de existência, condições simbólicas de sua reprodução e condições políticas decorrentes.
Participaram da mesa-redonda os professores Tamara Benakouche (UFSC), Lucia Avelar (UnB), Maria da Glória Gohn (Unicamp e Uninove), José Vicente Tavares dos Santos (UFRGS e presidente da ALAS) e Ilse Scherer-Warren (UFSC). O 2o Seminário Movimentos Sociais, Participação e Democracia prossegue até sexta-feira (27/4) e conta com a palestra “Trânsito uma questão de cidadania”, além de mesas-redondas e lançamento de livros. A promoção é do Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais (NPMS), vinculado ao Departamento de Ciências Sociais da UFSC.
Confira a programação e outras informações pelo site: www.npms.ufsc.br ou pelo telefone 3721 8826 (NPMS)
Por Ingrid Cristina dos Santos / bolsista em Jornalismo da Agecom
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